domingo, 20 de dezembro de 2015

Presente de Natal

Skateboard on a white background
(foto google)

Neste Natal, gostaria de oferecer a todos quantos passam por aqui mais uma história bordada nas recordações que me sobram do Avô. Uma história de Natal.
Foram as suas mãos que deram vida aos nossos sonhos de criança. Foi a sua criatividade e imaginação que transformaram pedaços de coisas em coisas com vida, muita vida.

Numa manhã de um dia de Outubro fomos com o Avô à cidade - Leiria. Depois de sairmos do autocarro seguimos a pé, atravessando parte da cidade. Passámos pelo Jardim Luís de Camões e a seguir pelo Largo da Fonte Luminosa. Havia movimento nas ruas. Parecia dia de festa. O Avô seguia de olhar atento, explicando-nos algumas coisas que não conhecíamos.

- Avô, Avô espera aí! Deixa-nos ver aqueles rapazes a andarem naquelas tábuas - Skate. Deve ser maravilhoso poder andar naquilo! 
Depois o mais velho sugeriu:
- Podias fazer-nos um coisa daquelas?
Se calhar eu podia ajudar-te e depois brincávamos todos lá na nossa eira!

O Avô olhou-os com surpresa, mas ao mesmo tempo, foi fotografando com o seu olhar todos os pormenores daquela geringonça. 
Fez-se silêncio, mas todos os olhares se fixavam na agilidade daqueles meninos ali naquelas corridas.
- "Que baril meu !" - "bué da fixe !" 
Disseram eles, despertando de um sonho. 

Continuámos a subir em direcção à Câmara. Era para lá que o Avô ia. Ministério da Fazenda Pública, para pagar contribuições e ainda o Serviço Braçal. Não pescámos nada desta linguagem. A nossa cabeça ficou naquelas coisas que vimos antes. 
Explicou-nos que tinham de pagar ao Estado um imposto pelos terrenos que cultivavam e ainda tinham de pagar por trabalharem essas terras com a força dos seus braços - Serviço Braçal.

Depois de resolvido este assunto descemos por outro caminho - Rua Direita. Era necessário passar pelo Grémio da Lavoura. Hoje, Biblioteca Municipal. O Grémio agora é só das letras.

O tempo foi passando. O Avô não queria perder a camioneta da uma hora da tarde para o regresso a casa, mas ainda assim, entrou na padaria perto da Sé, no canto da rua Mouzinho de Albuquerque,  e comprou um pão de quilo.
Era um pão grande e mais uma fatia de outro pão para completar o peso. Depois de pagar, tirou do bolso uma navalha e cortou mais alguns pedaços iguais ao "contrapeso" para cada um de nós.  
Chegámos ao nosso destino. O Avô perguntou  qual era a camioneta e lá nos sentámos todos juntos. O Revisor haveria de passar durante a viagem para “cortar os bilhetes”.

Naquela semana não deixámos de lhe pedir que nos arranjasse uma coisa igual à que vimos na cidade. 
- Vê lá se arranjas tempo. Não te esqueças de nós!
O Avô guardou segredo, mas foi fazendo a nossa prenda de Natal sem a mostrar. Ele sabia inventar e iria deixar-nos muito felizes com um Skate feito por ele.
Uma tábua de cerca de um metro por 20 cm de largura.
As rodas foram as de uns patins que estavam no lixo.

Dia de Natal quando voltámos da Missa o Avô chamou-nos.
- Venham cá, vamos até à eira, preciso que me ajudem a carregar uma ração de feno para as nossas vaquinhas!
Chegados lá levantou umas sacas que escondiam o seu trabalho. 
Era a nossa prenda de Natal.
- Aqui está o vosso brinquedo! 
Foi o melhor que eu consegui fazer! Agora quero ver se ele funciona . Começamos pelo mais velho e depois vão os outros a seguir.

A nossa alegria quase nem nos deixava dizer obrigado. O skate rodou toda a manhã e não houve frio que nos impedisse de andar.
Os dias sucediam-se agora com mais um brinquedo que o Avô construiu e nos ofereceu.
Depois do almoço se nos deixarem voltaremos ! 
Novas corridas, novas viagens!

Este foi o melhor presente de Natal.
Dezembro/2015
Luiscoelho



Lúcia Bezerra de Paiva

Há 57 minutos  -  Partilhado publicamente
Melhor ,ainda mais , recordar em vésperas de Natal, um avô de tantas habilidades, satisfazendo os desejos dos netos.
Meu filho teve skate comprado em loja: outros tempos!
Feliz Natal, Coelho, com realizações dos seus desejos no Ano Novo.
Abraço!
 
 · 
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Elvira Carvalho

Há 28 minutos  -  Partilhado publicamente
Que bonito relato Luís. E que privilégio ter um avô assim. Eu nunca tive avô paterno (meu pai era filho de pai incógnito) e o materno vivia na Beira Alta só o via no Natal. Meu pai sim, era muito habilidoso. Mas nunca fez brinquedos. Valha a verdade , que nunca lhos pedimos. Mas fazia-nos máscaras pelo Carnaval. E tamancas para o inverno, e sandálias para o Verão. Além dos poucos móveis que tínhamos e que foram todos feitos por ele. Tenho tantas saudades dele.
Um abraço e bom domingo

domingo, 13 de dezembro de 2015

Acordei


(foto google)

Acordei com vontade de te escrever,
Dizer-te que o amor em mim não morreu,
Se esmoreceu não sei o que lhe deu,
Mas procurei beber esta sede de ti,
Construindo o altar da nossa felicidade,
Querendo ser parte da tua liberdade.

Acordei em mim tantos sonhos distantes
Sabendo que o amor é um oceano de vida
E a felicidade só é completa se for repartida.
Desenhei a saudade de fazer amor,
Colar-me a ti e semear-te em mim,
Construindo amor sem princípio nem fim.

Acordei-me de recordações passadas
Momentos que rasgam as madrugadas,
Desenhei estrelas que pintam as alvoradas.
Cantei dormindo, voei e sonhei cantando
Momentos de amor que teimo viver
Rios que nos lavram no mesmo querer.

Dezembro/2015
luíscoelho

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

No Silêncio


(foto do google)

No silêncio do olhar
Conto os dias já de cor,
Conto as horas e os ventos
E até os bons momentos
Que fazem o anoitecer
Deste dia a terminar
Aumentando sem parar
Minha sina e o meu sofrer

No silêncio do olhar
Revejo tudo quanto fiz
E os dias em que só quis
Ao teu lado me deitar.
Mas esse tempo acabou
E do amor apenas ficou.
O silêncio do olhar
Onde sobra o meu penar.

Luíscoelho
Dezembro/2015

domingo, 29 de novembro de 2015

Sementes

(foto google)

Em mim te semeias desilusão,
Te escreves e já te convertes
Em partes da minha solidão.

Em mim te semeias de dor,
Tormentos que rasgam a alma,
Sementes esquecidas de amor.

Em mim te semeias de ventos,
Tempestades, fúrias presentes,
Onde sobram estes pensamentos.

Em mim te semeias de chuvas,
Rios que nos lavram sem horas
E as margens se tornam curvas.

Em mim te semeias de nadas,
Estrelas no céu apagadas,
Oceanos que morrem sem vagas.

Mas eu renasço acordado
Nas sombras esquecidas de amor
Traços que foram lavrados 
Nos dias de mais calor,
Momentos em mim conservados.

Novembro/2015
luíscoelho 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Bom dia amor


as minhas rosas

Meu amor 
Vem vestir-me a nudez do teu amor,
Aquele espaço que era nosso e tu sabias,
Vem vestir-me com o sopro do teu calor, 
Pois este tempo já me transforma em pedra fria,
Já se desfazem todos os sonhos que eu trazia. 

Meu amor
Vem vestir-me a nudez do teu amor
Aquele brilho que sempre oferecias, 
Vem vestir-me de esperança e outras cores
Roupas bordadas de carinho e alegria
Reforçadas de presença e simpatia.

Meu amor
Vem vestir-me a nudez do teu amor
Esse espaço onde te dás e te renovas.
Vamos viver-nos de mais vida e mais fulgor 
E façamos a caminhada destes dias com o calor
Daquele tempo em que as roupas eram sobras. 
Novembro/2015

Luíscoelho

sábado, 14 de novembro de 2015

Hoje, só hoje

Resultado de imagem para correntes
Foto google

Hoje, só hoje, senti a tua indiferença.
Quando me queres como um ornamento
Quando te agrada ou ainda te aquece.
Hoje percebi que o meu lugar já não é aqui
Nem adianta alimentar este pensamento
Porque tanto amor vivido já me arrefece.

Hoje, só hoje, percebi a tua vaidade
Quando me trocas ou te escondes de mim
Ou quando te apressas porque te convém.
Hoje  percebi que o meu lugar já não é aqui,
E não tenho razões para sofrer mais assim.
Esse amor, se não for a dois, nada tem.

Hoje, só hoje, acordei triste e magoado
E neste frio senti-me gelado. 
Não quero que sofras para estares ao meu lado,
Nem eu quero ficar a ti acorrentado.

Novembro/2015
Luíscoelho

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Cartão Barclaycard Flex - Barclaycard.pt‎

( foto google)

No dia dois de Novembro, depois do almoço, estavamos ainda sentados à mesa, vendo o noticiário sobre as inundações no Algarve.
Inesperadamente tocou o telemóvel. 
- Estou sim. Boa tarde!
- Estou a falar com o sr, Luís Coelho ?
- Sim, sim. Em que posso ajudar?
- Bom, o meu nome é .../... do Banco Barlays e gostaria de lhe oferecer os nossos produtos. O nosso Banco está a oferecer um cartão de débito a que está associado um crédito a todos os novos clientes e que poderá utilizar em condições vantajosas.
- Pois muito bem, respondi, mas continuei:
Diga-me para que quero eu um cartão desses se não tenho dinheiro. Se eu tivesse dinheiro teria procurado os vossos serviços ou o de outros Bancos para obter lucros.
Não tendo dinheiro não poderei pagar o vosso crédito.
Parece-me que a Srª está a perder  seu tempo e a querer ludibriar-me.
- Sr Luís, muito obrigado pela sua atenção. Desejo-lhe uma boa tarde.
Fez-se silêncio de ambos os lados.
A minha mulher que estava ali perto e também esteve atenta  à nossas conversa, acrescentou:
- Boa resposta. 
E assim cai muita gente no logro do dinheiro fácil.
Já aprendi que os Bancos não dão nada a ninguém e aqueles que entram nestas redes acabam por pagar tudo a triplicar.
É um empréstimo para pagar outro empréstimo e depois mais um para resolver o problema dos primeiros...
luíscoelho
Novembro/2015