sábado, 31 de julho de 2010

Penso em ti



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Penso em ti    
Nas palavras que disseste,
E nos sorrisos que fizeste,
Na tua força de amar 
Presente do teu olhar.
Penso em ti
Na amizade que deste,
E no pão que partilhaste,
Na força do teu viver
Presente do teu querer.
Penso em ti
Nos projectos que fizemos
E em tudo o que vivemos
Nos carinhos esquecidos 
E nos silêncios ouvidos
Penso em ti
Quando a Lua se esconde
Quando a terra nos rejeita
Quando na vida paramos
Para dizer que nos amamos.


Luíscoelho

quinta-feira, 29 de julho de 2010

silêncios






Os teus silêncios
Pesados ou leves
Despertam-me o olhar
Num mar de sentidos
Diversos, perdidos, 
Que nos fazem pensar
Em nova forma de amar
E vivendo construir
Mais amor a florir.

A alma dança perdida
No vazio dos silêncios
Renascendo amadurecida,
Mais nobre e enriquecida 
De belos pensamentos
Criados nesses momentos.
O silêncio de palavras vãs
Formam as mentes mais sãs,
Mais livres e conscientes
De valores como presentes. 
Luíscoelho



domingo, 25 de julho de 2010

Cantarei

Cantarei o vento e o pensamento
Que voam livres no firmamento
E também a saudade e a amizade
Que se cruzam e ligam em liberdade.
Cantarei o amor que nasce no peito
E que se reparte com muito respeito.


Cantarei as estrelas  que brilham no Céu,
O verde dos campos e a noite de breu,
As aves que cantam e árvores que dançam,
Os ventos que sopram e a brisa do mar,
O que nos faz viver com a força de amar
Superando as tristezas dos dias sem par.


Cantarei o que sei, como vivo ou farei,
Aquilo que tenho, já tive ou terei. 
Cantarei o Sol e a Lua de luar brilhante,
Os rios e ribeiros de água refrescante,
As aves que voam e os dias que anoitecem
O passado e o presente que já nos esquecem .
Luíscoelho



quinta-feira, 15 de julho de 2010

Este medo

Posted by Picasa

Há um medo que me segue
Me fustiga e me persegue.
Se na sombra me escondo
E ao terror já não respondo
Rapidamente me encontra
E outros medos apronta.
Não sei se é medo de amar
Se é a tristeza a dobrar.
Não sei se chore ou cante
Nem de nada neste instante.

Este medo me arrasta
E sem razões me desgasta
Não sei se me liberta
Ou se a alma  me aperta
Nesta vida reprimida 
Que passa numa corrida
Sei que não posso fugir
Nem mesmo se lhe mentir
Esta passagem da vida
Só vale quando é vivida
luíscoelho

domingo, 11 de julho de 2010

Canto da noite

A noite caiu no silêncio
Húmido de aragem fria,
Emudeceram as palavras
Aquelas que eu já não via,
Tacteei os sons do silêncio
Com a pressão dos dedos
E comprimi tantos medos.


Gritei com a alma aberta
Palavras sem forma nem tempo,
Aquilo que a boca não diz
Arauta da voz no vento.
Tristeza passada entendo
Correndo como quem diz
Aquilo que vou sofrendo.


Os olhos se marejaram 
De ondas como cristais 
Vieram cheias de estrelas
E de tantas coisas mais
E em silêncio se juntaram.
Olhei na saudade o tempo
Que sem amor me deixaram.
Luíscoelho

Contradições



O mundo caminha vazio dos valores sociais.
Somos empurrados, maltratados e enxovalhados.
A fome devasta o país dos ricos de mãos sujas
Cerca e limita, corta e recorta a esperança. 
Os povos lutam contra governos porcos 
De injustiças, políticas rotas, promessas marotas.
A Europa é tacho e capacho para alguns senhores
Que falam, ditam e gritam as leis do poder 
Asfixiando as nações e os povos ao seu belo prazer.
Os criminosos andam soltos e são doutores
E os que semeiam a terra e amassam o pão
Não são escravos, mendigos nem impostores
Querem dignidade, paz e justiça com razão.
Aumentam os impostos, as taxas e contribuições
Aumentam a idade de reforma dos trabalhadores
Propõem para si um futuro bom com regalias
Reforma aos cinquenta, boa vida e muitos milhões
E o povo morre escravizado por tantos credores.
Presidentes, assessores, motoristas e batedores
Para o povo nem segurança, nem saúde nem educação
Apenas mais trabalho, mais fome e repressão.
É tempo de dizer aos senhores toda a verdade
É tempo de exonerar quem nos vende a falsidade. 
Luíscoelho

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Carteira Escolar = 1954


Imagem do google

Eram assim as nossas carteiras. Foi numa igual que me sentei com sete anos, entrando num mundo diferente  e misterioso das letras, dos números e muitas histórias de encantar.

Já tinha visto os meus irmãos a ler e a escrever. Gostava de os ver a prepararem as lições para o dia seguinte e escreverem a mesma palavra dez e vinte vezes.


Recordo aquela cantilena da tabuada 2 x 1 = 2
Parece que com eles aprendi a multiplicar.

 Aquilo parecia castigo.
O pai, recomendava muitas vezes: Cuidado, não sujem os livros....não quero recados da senhora professora....

Agora chegou a minha vez!
A Escola era junto à Igreja numa casa que pertencia também à mesma.

O nosso recreio era todo o adro onde podíamos jogar à bola, ao pião e fazer todos os jogos que os mais velhos nos iam ensinando.

Todos os anos, as aulas da Primária, começavam no dia 07 de Outubro.

Naquela manhã o pai e a mãe meteram um livro e uma pedra (ardósia) numa saca de tecido com uma alça para a poder pendurar às costas.

Depois chamaram o Armandito, éramos primos e ele tinha apenas  mais um ano do que eu. 

Recordo o pai dizer-lhe: 
- O Luís vai contigo, vê lá se ele se porta bem...!

E voltando-se para mim, continuou:
-Não faças disparates ouviste.....!
Vê lá o que é que a Professora diz,  e se for necessário mais alguma coisa logo à noite nós falamos.

Às oito horas e trinta minutos, saímos de casa atalhando caminho pelo meio dos pastos verdejantes e já cobertos de uma boa camada de geada.

O Armando tinha umas botas compradas na feira e a tia Joaquina calçou-lhe umas meias grossas para não ter frio nos pés.

Eu fui descalço, como andava todos os dias, sentindo aquela geada a estalar conforme a ia pisando na erva.


Parece ter sido esta uma das primeiras revoltas interiores de me ver descalço e sem o pai para me acompanhar.


Depois verifiquei que só um ou dois acompanharam os filhos e a professora cedo os despachou.

Encolhido e  com medo da Senhora Professora, lá estivemos à espera que ela chegasse .

Os Meninos mais velhos correram a cercá-la e a dar-lhe os bons dias, e os mais novos lá foram aprendendo estes rituais.

Recordo que vinha num carro preto conduzido por um senhor gordo e bem parecido que a deixou mesmo junto das escadas que davam acesso ao adro da Igreja e à Escola.


Nos dias seguintes soubemos que esse senhor era o marido e que aos sábados ele ficava também a ensinar o grupo dos mais novos. 

Já não era uma senhora nova e, pelo que me apercebi a Senhora Nogueira, não era nada mole.
= ou aprendes ou levas umas reguadas =  

Recordo alguns colegas da  Escola e do meu ano:
José Serralheiro, José Catarino, Hilário Silvério, Luís Moteiro, Augusto Silvério, Alberto Silva, Luís Silvério e outros que não me recordo.
Luíscoelho

sábado, 3 de julho de 2010

Eu

Posted by Picasa
Não sou poeta, nem pintor
Não sou jardineiro nem escritor.
Penso muito, falo pouco e vivo assim
Neste canto português, algo de mim.
Falei do meu desgosto e do meu gosto
Daquilo que sinto e leio em cada rosto,
Falo por mim e por ti voz do silêncio
Falo de tudo quanto vejo neste país
Das coisas que sonhei e também quis,
E de tantas que devia e nunca fiz.
Carrego meio século de recordações,
Sofrimento, injustiças e emoções.
Coisas boas de amor, carinho e pão
A família, o meu passado e educação
Lentamente fui abrindo e repartindo 
O que sou e tudo quanto vou sentindo.
Não me escondo em santo ou em Lei
O meu retrato, aquilo que sei
Luíscoelho