A noite pintou-se mais escura
Dobrou as sombras já pesadas,
E correu em ventanias aceleradas.
Fez abrigos como ainda não se viu
Parou o tempo no brilho das estrelas
E com um frio transparente as coloriu.
A noite foi tecendo mantos negros
Misturando-se no perfume da nortada.
A brisa foi passando nas ramadas
Que suportavam as aves nos abrigos.
Escondeu-se nas franjas do silêncio
E adormeceu longe dos perigos.
A noite mastigou tantos pensamentos,
A esperança, o amor e outras emoções
Fez programas e sofreu desilusões
Correu dançando e viveu amando
Noites perdidas sonhos construídos
Tantas coisas que se vão somando.
Luíscoelho
terça-feira, 26 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Duvido
Duvido da paz
do entendimento
e da razão
Duvido do amor
do respeito
e da união
Duvido das políticas
Destes jogos
e contradições
Duvido das mentiras
das promessas
e das reacções
Duvido dos políticos
incompetentes
e aldrabões
Duvido da esperança
cântico de silêncio
das religiões.
Luíscoelho
do entendimento
e da razão
Duvido do amor
do respeito
e da união
Duvido das políticas
Destes jogos
e contradições
Duvido das mentiras
das promessas
e das reacções
Duvido dos políticos
incompetentes
e aldrabões
Duvido da esperança
cântico de silêncio
das religiões.
Luíscoelho
domingo, 10 de outubro de 2010
A chuva cai
A chuva cai forte e fria
E correndo se mistura
Pela terra com fartura
Vai caindo noite e dia
Com pingos de água pura.
E quando cai lentamente
Passando por vales e montes
Faz renascer muitas fontes
Mas segue apressadamente
Para lá dos horizontes
A chuva cai sem cessar
Fazendo um belo concerto
Às cordas deu um aperto
Voltando sempre a cantar
Lá longe como aqui perto.
Luíscoelho
ou
A chuva cai
Possuindo a terra
E nua vai
Regando a serra
Com suaves mantos
De coloridas cores
Tantos encantos
Se divina fores
Caminhos secretos
De formosas gotas
Segredos tão certos
De águas marotas
Luíscoelho
E correndo se mistura
Pela terra com fartura
Vai caindo noite e dia
Com pingos de água pura.
E quando cai lentamente
Passando por vales e montes
Faz renascer muitas fontes
Mas segue apressadamente
Para lá dos horizontes
A chuva cai sem cessar
Fazendo um belo concerto
Às cordas deu um aperto
Voltando sempre a cantar
Lá longe como aqui perto.
Luíscoelho
ou
A chuva cai
Possuindo a terra
E nua vai
Regando a serra
Com suaves mantos
De coloridas cores
Tantos encantos
Se divina fores
Caminhos secretos
De formosas gotas
Segredos tão certos
De águas marotas
Luíscoelho
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Vindimas
Imagem colhida no Google
Em finais de Setembro ou nos primeiros dias do mês de Outubro, aconteciam as vindimas.
Juntavam-se as famílias Carnide com a família Coelho e faziam aquele trabalho trocando tempo entre eles. Dois dias para um, e logo a seguir para o outro. Era uma festa.
Quando não chovia e o Sol aquecia as encostas das vinhas era tudo muio agradável.
Andavam alegres e aquele coro de vozes misturadas, falando todos ao mesmo tempo, nem dava para perceber o assunto de algumas conversas.
Recordo que o pai costumava levar o carro de bois com uma dorna de madeira e na traseira do carro metia um grande molho de feno para ir dando às suas vaquitas durante o dia.
Geralmente chegavam todos ao mesmo tempo. Retiravam as vaquitas dos carros e iam prendê-las numa sombra próxima, dando-lhe alguma palha para irem comendo, pois iriam passar o dia por ali. A vinha era grande e as uvas estavam muito bonitas sem moléstia nem outras doenças.
Começavam aquele trabalho na parte da vinha junto aos carros de bois para não danificarem as outras uvas e seguirem sempre por filas certas.
Logo no início faziam o sinal da Cruz e uma pequena oração.
Depois diziam: - Vamos lá com Deus. Que Ele nos ajude e que tudo corra bem.
Os poceiros começavam a ficar cheios e logo faziam uma lista de quem iria levá-los. Corria a vez por todos. Despejavam para dentro da dorna e com uma pedra ou um giz marcavam um risco, por cada poceiro, nos aros de ferro da dorna para saberem sempre a quantidade de uvas colhidas em cada vinha.
As qualidades das uvas parece que eram diferentes em cada zona. Mais coradas e doces nas encostas e menos adocicados nas partes mais frescas onde a vinha era mais forte e os cachos eram maiores.
A tia Maria pegava num cesto e andava mais à frente escolhendo os melhores cachos para guardar e irem comendo até perto do dia de Natal.
Outros cachos eram secos no forno. Depois de cozerem a broa de milho limpavam o forno e metiam uma camada de uvas.
Com o calor do forno as uvas ficavam quase secas e conservavam-se todo o ano. Passas de uva.
Tinham vinhas espalhadas por esta região. Recordo algumas nas Picotas, Sachieira, Valfojo, Farreca, Barros da Pedreira , Baralha e Mata.
Todos tinham dois talhos de vinha nos Verdeiros que eram herança do avô Carnide.
Quando o calor começava a apertar, apetecia sentarmo-nos na sombra de alguma videira, mas logo ouvíamos uma chamada de atenção.
Vamos lá meninos a cortar uvas para o cesto e apanhar também os bagos do chão.
Logo outro, mais alem, dizia:
- Olhem que uma velhinha fez uma pipa de vinho com os bagos das uvas ...sabiam..?
- Verdade...? Coitadinha da senhora...fartou-se de apanhar bagos do chão...........
Longe de nós pensar que todo o bom vinho só é feito com os bagos das uvas.
Havia também assalariados que vinham trabalhar por conta dos donos das vinhas e muitas vezes também traziam os filhos, mas não havia tempo para brincadeiras.
Por vezes a navalha saltava-nos e acontecia um corte nas mãos ou nos dedos. Lavavam com água fria e embrulhavam a mão, com um trapo, a tapar o corte.
Por vezes os mais pequenos choravam e alguns mais velhos brincavam com eles dizendo:
- Cuidado ... por aí só vão sair as tripas maiores ...que as mais pequenas não cabem.......
O almoço, à uma hora da tarde, era sempre o mesmo todos os dias da vindima.
Uma cebolada com sardinha salgada assada. O prato era um naco de broa de milho cozida na véspera que cada um agarrava e ia trincando juntamente com a sardinha e a cebola.
O sabor salgado da sardinha ficava amenizado com o picante da cebola crua. Podiam repetir e pedir mais broa e mais sardinha.
Bebiam água do barril, bilha de barro com um pequeno gargalo, que andava de mão em mão e outros bebiam vinho por um pipito de madeira que também ia passando por todos.
As tardes parece que passavam mais rápido. Antes do anoitecer começavam a juntar tudo, para fazerem a viagem de regresso. Ao serão ainda tinham de pisar as uvas e fazer a transfega para os balseiros grandes onde fermentavam.
Chegávamos a casa noite cerrada, contando as estrelas no céu, mas ainda assim felizes com a alegria do convívio com os tios e os primos que considerávamos como a nossa família.
Sentíamos e vivíamos como se fossemos todos irmãos na mesma casa.
Luíscoelho
Se alguém quiser recordar fotos destes tempos deixo aqui o link que poderão visitar. São muito parecidas com as que fazíamos por aqui.
http://sernancelhe-vila.planetaclix.pt/Vindimas-page-00001.htm
Se alguém quiser recordar fotos destes tempos deixo aqui o link que poderão visitar. São muito parecidas com as que fazíamos por aqui.
http://sernancelhe-vila.planetaclix.pt/Vindimas-page-00001.htm
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Pintar palavras
Em traços longos e circulares
Recolhi as letras nas cordas do tempo,
E fiz poemas de sonhos e ventos.
Colhi o perfume de belas flores
E guardei-o em caixas coloridas,
Conservando as cores adormecidas
Nos lamentos, tristezas e dores.
Rasguei a terra com amor e carinho
E procurei o pão como um passarinho.
Amei as palavras pintadas de amor
E outras dispersas perdendo a cor,
Palavras sementes de bons sentimentos
Que andam perdidas nestes pensamentos.
luíscoelho
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