(foto google)
Menina e moça a trouxeram da sua aldeia, da sua casa e da sua família. Prometeram-lhe um mundo de felicidade e bem estar.
Era uma moça vistosa, bonita e simpática.
O patrão, era um homem rico. Viúvo há bastantes anos, desde o nascimento da sua filha.
A Maria cedo se viu dona de uma casa que não era a sua. Sozinha tinha de dar conta da cozinha, dos quartos e das roupas. Era muito trabalho.
O patrão era dono de uma das casas mais ricas desta região. Era uma casa agrícola mas tinha também uma parte comercial. Revenda e comércio de adubos, roupas e mercearia.
Havia trabalhadores fixos e outros que eram assalariados ao dia ou à semana. Trabalhadores a seco. Não tinham direito às refeições.
Cedo a Maria viu as manhas e artimanhas do patrão. Estava sempre a exigir mais trabalho sem recompensa nem pagamento.
Nesta casa não havia horários para os empregados terem os seus dias de folga ou as horas para descanso. Tinham de estar sempre disponíveis para todo o serviço e com boa cara.
Cedo a Maria conheceu a violência do seu amo que a forçava e a violava a seu belo prazer sempre que lhe apetecia.
Ela era franzina e não conseguia fazer-lhe frente e ele era manhoso e mau. Depois de a trancar num quarto obrigava-a a todas as sevícias de que era capaz.
Ela era franzina e não conseguia fazer-lhe frente e ele era manhoso e mau. Depois de a trancar num quarto obrigava-a a todas as sevícias de que era capaz.
No fim exigia silêncio absoluto
A Maria vivia assustada pelos abusos diários e pelas dores que lhe causava, mas deixou-se vencer pelo medo.
Se falasse ninguém iria acreditar nas suas palavras. Ele era um empresário rico e muito temido.
Se falasse ninguém iria acreditar nas suas palavras. Ele era um empresário rico e muito temido.
Em troca do silêncio foi-lhe prometendo uma casa.
- Um dia serás uma senhora e poderás viver a tua vida!...
A Maria viu outras moças serem abusadas pelo patrão e aqui as ameaças foram ainda maiores e mais graves.
- Um dia serás uma senhora e poderás viver a tua vida!...
A Maria viu outras moças serem abusadas pelo patrão e aqui as ameaças foram ainda maiores e mais graves.
- Se abrires a boca mato-te. Ficarás sem nada do que te prometi e ninguém acreditará no que disseres....
Foram longos anos de sofrimento silencioso até ao dia em que o velho morreu. Ela também tinha envelhecido. Estava magra e nem as roupas escondiam o seu corpo gasto.
Pensava no seu íntimo - Agora, que irá ser de mim...?!
Pensava no seu íntimo - Agora, que irá ser de mim...?!
As filhas são herdeiras de tudo. Ele não passou de um mentiroso que se aproveitou de mim.
No testamento apareceu uma doação de "usufruto" de uma casinha em ruínas para a Maria. Por morte dela esta casinha pertenceria aos netos do falecido.
Depois do funeral do patrão a herdeira mais velha, viúva e sem filhos, mandou a Maria, empregada, para a rua.
- Tens a tua casa vai para lá... Aqui não ficas...
Esqueceu-se de uma vida de trabalho e dos abusos de que ela foi alvo. Ingratidão!...
Esqueceu-se de uma vida de trabalho e dos abusos de que ela foi alvo. Ingratidão!...
-Vou viver de quê...??? Ninguém me pagou, não me fizeram descontos para a Caixa de Previdência...
- A Senhora sabe dos abusos que o seu pai me fez? Julga-me culpada? Engana-se.
Fui vítima, sem ninguém para me defender....Não podia falar, nem podia fugir....O mal estava feito e todos os dias eu tinha de suportar as dores e o desgosto sem me conseguir libertar daquelas garras.
- Não quero saber de mais nada, respondeu-lhe a herdeira. Hoje mesmo vais sair daqui. Desenrasca-te!
Fui vítima, sem ninguém para me defender....Não podia falar, nem podia fugir....O mal estava feito e todos os dias eu tinha de suportar as dores e o desgosto sem me conseguir libertar daquelas garras.
- Não quero saber de mais nada, respondeu-lhe a herdeira. Hoje mesmo vais sair daqui. Desenrasca-te!
A Maria mudou-se levando consigo algumas coisas que lhe foram oferecendo. Reparou a habitação. Construiu uma casa de banho, e uma pequena horta.
Um dia vieram os herdeiros desta casa com uns papeis para ela assinar, conta a Maria.
- São coisas das Finanças, não se preocupe. É uma hipoteca.
Na sua boa-fé assinou sem ler nem pedir ajuda aos entendidos.
A Maria assinou a sua renuncia de usufruto em favor dos herdeiros.
Passados alguns meses, como os herdeiros não pagaram as dívidas, a casa e o quintal foi vendido em hasta pública.
Na sua boa-fé assinou sem ler nem pedir ajuda aos entendidos.
A Maria assinou a sua renuncia de usufruto em favor dos herdeiros.
Passados alguns meses, como os herdeiros não pagaram as dívidas, a casa e o quintal foi vendido em hasta pública.
Agora anda desesperada e nem sabe o que vai ser da sua vida.
- Enganaram-me, abusaram-me e agora despejam-me na rua sem nada... A vida foi madrasta má.
- Que mundo cão....que vida triste...
Não se vêem as lágrimas... percebe-se a sua dor e desilusão.
As cores são de um sangue ainda vivo a manchar-lhe os dias ....
Não se vêem as lágrimas... percebe-se a sua dor e desilusão.
As cores são de um sangue ainda vivo a manchar-lhe os dias ....
Luíscoelho
Nov/2011
Que triste sina a da Maria e sabe-se lá quantas delas existiram, abusadas desses senhores poderosos que se ACHAM...
ResponderEliminarMais um lindo conto! abração,tudo de bom,chica
As Marias de nossa vida... lindo, lindo meu caro Luís!
ResponderEliminarA amizade é um amor que nunca morre.
Mario Quintana
forte abraço,
C@urosa
Luís
ResponderEliminarQue história triste a desta Maria mas mais triste ainda é sabermos que há muitas mais "Marias" a sofrer ainda nos dias de hoje.
Beijinhos
Lourdes
Deus do céu! As Marias que houve (e, se calhar, ainda há) por esse mundo fora!
ResponderEliminarTremendo!
A Maria deveria ter ido para outra casa para se empregar de novo, não deveria ter se envolvido afetivamente com o dono da casa. Uma história muito triste que talvez tenha acontecido pela falta de conhecimentos da moça. A ausência de conhecimentos é uma inimiga que habita o íntimo do ser humano.Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarA história que tu contaste da Maria, por aqui é normal ainda. Meninas que são dadas pessoas que passam por esses interiores e levadas para viver em casa de família, onde passam a quase escravidão, já que fazem todo serviço e nem recebem por ele, por "ser uma pessoa da família". Envelhecem sem eira e nem beira.
ResponderEliminarPS: Seu comentário me fez rir, não é necessário dar um "veredicto", digo apenas que gosto da tua visita e presença por lá.
Beijokas doces e um fim de semana de muita paz.
Uma estória que poderia ter acontecido em qualquer época, inclusivé a presente. Bonito conto. Triste.
ResponderEliminarHá muitas Marias por aí infelizmente!
ResponderEliminarLinda e triste história.
Beijinho
Fiz a escalada da montanha da vida
ResponderEliminarremovendo pedras e plantando flores.
Cora Coralina
Bom Fds e o meu carinho...M@ria
Y LO PEOR DE TODO ES QUE AUN EXISTEN MUCHAS MARÍAS.
ResponderEliminarUN ABRAZO
Hola Luis, que triste historia la de Maria, no es justo, pero asi es la vida aveces de cruel. Un gusto leerte. Besos, cuidate amigo.
ResponderEliminarPobre mulher!Nascida em berço humilde,foi levada para a cidade com a promessa de um mundo melhor. Via-o, sonhava-o mas nunca lhe pertencera. Na casa paterna, a sua saída foi um alívio, menos um "bico" para alimentar, mas, a partir daí, um pesadelo estava à sua espera sem qualquer recompensa. Abusada, explorada, enganada, continua à espera que melhores dias lhe batam à porta.
ResponderEliminarLamentável!
Bem-hajas, Luís!
Abraço fraterno
O retrato de muitas "Marias" contado duma forma que me prendeu à leitura. Obrigada Luís por estar desse lado a deliciar-nos com estas histórias dos nossos tempos.
ResponderEliminarAbraço
Infelizmente, não é raro tanta dor, tanto sofrimento...
ResponderEliminarE tanta desvegonha!
Espero que me dê o gosto de ir até ao "são" durante este fim de semana.
Fique bem.
Olá caro amigo Luiz!
ResponderEliminarComo advogado que serei. creio que tua personagem Maria passou por maus bocados na mão do chefe. excelente texto... uma grande contribuição sua pra lembrar que empregadas estão sofrendo assédio moral e sexual dentro dos ambientes de trabalho. Parabéns pela sua iniciativa. como sempre suas poesias são divinas meu amigo.
Excelente final de semana meu caro amigo!
Muitas Marias assim existem pela vida meu amigo...abraços de bom final de semana pra ti.
ResponderEliminarOla Luís,
ResponderEliminarDe uma forma mais simulada e com outras artimanhas, continuam Marias a passar pelos mesmos padecimentos.
Gostei da narrativa, pese embora a história seja triste e medonha.
Bom fim de semana para ti e para os teus.
Kandandos... Inté!
Nossa, Luís! Que conto triste!
ResponderEliminarMuitas Marias existiram e ainda existem por este mundo. Lastimável!
Um ótimo conto, que prende a leitura no início ao fim.
Tenha um excelente final de semana!
Abraço.
Meu amigo que vida triste a da pobre Maria. Infelizmente houve e há ainda muitas "Marias" que pela sua bondade e simplicidade são usadas e exploradas por pessoas de má indole e de mau caracter.
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Maria
Olá, Luis!
ResponderEliminarApenas mudaram os tempos mas o abuso não terminou; Não tem hoje os mesmos contornos, mas continua a ser praticado usando outras forma de pressão sobre quem é mais fraco e dependente.
O lado mais primário da natureza parece estar sempre presente, apesar de toda a evolução ...
Está muito bem contado; parabéns!
Abraço amigo.
Vitor
Uma triste história...tão real...
ResponderEliminarO egoísmo dos humanos é incompreensível...mas é um fato.
E , como bem disseste...prendemo-nos demais a coisas materiais.
Te agradeço tua pronta visita e palavras.
Que o teu domingo seja de LUZ e Paz...
Que relato triste Luis. E quantas Marias por este mundo de Cristo. Conheci algumas.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
Estimado Amigo Luis Coelho,
ResponderEliminarUma triste história, que é uma realidade do Portugal onde vivemos, outrora era assim, nos dias hoje usam outros meios sostificados, explorando os mais pobres, e esses os políticos e os ricalhaços sempre ficam inúmes à justiça.
Portugal é um país cheio de Marias.
Adorei seu relato.
Abraço amigo
Linda y bella historia.Preciosa en verdad.Besos inmensos de luz.
ResponderEliminarBom dia amigo Luis!
ResponderEliminarA beleza da vida está no lugar onde a gente mora. é maravilhoso gostar de onde moramos e ter orgulho do nosso lugar de origem. e eu gosto muito da cidade onde moro.
Tenha um excelente Domingo meu caro amigo!
Deus te abençoe sempre e viva uma semana maravilhosa!
abraços
Muito interessante o seu texto. Aproveit para deixar-te, um abraço, abrasileirado, daqui, do outro lado d Atlantico, e tenhais tu, um domingo harmnios.
ResponderEliminarcaro Luís
ResponderEliminarQuanto ao Monstro Violador já nada se pode fazer, cumpre agora a pena maior.
Mas aos descendentes, igualmente Facínoras ainda vamos a tempo!
Bastará contratar um dos bandidos-amigos de CAVACO SILVA; DIAS LOUREIRO ou DUARTE LIMA, tanto faz, que é limpinho...!!!
Excelente história.
Parabéns
G.J.
Bom dia
ResponderEliminarIdentificar as vontades de Deus para nossa vida é uum grande passo em direção a nossa felicidade;
e saber compartilhar o que temos nos garante que nada nos faltará nunca, por que Deus sempre abençoa esse tipo de atitude.
Bom domingo!
abraço
Há sempre uma Maria pobre sofredora, esta ainda deu para contar a história mas quantas não levam seu pesadelo para debaixo da terra.
ResponderEliminarHá muitas que só de pensar a vida que tiveram tem vergonha e medo, guardando suas vidas como se de um filma de terror se tratara.
Beijinhos de luz e muita paz...
Seu post me faz lembrar as Marias do cantor e compositor Milton Nascimento...Maria Maria Maria tem o dom de rir quando deve chorar, e tem uma estranha mania de ter fé na vida, eu amo esta canção Maria deste compositor, amigo abrigada por todo o seu carinho lá no harmonia!!!
ResponderEliminarMeu querido Luís
ResponderEliminarQuantas Marias por esse mundo...caladas e feridas, vão aguentando tudo.
Como sempre escrito com mãos de escritor.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Infelizmente há por este mundo fora tantas Marias e tantos patrões sem vergonha! Parabéns pela sua história.É uma grande lição e um alerta...
ResponderEliminarLUIS
ResponderEliminarAs Marias são sempre...Marias
vim deixar e esperar resposta meu amigo.
dia 11 de Dezembro tenho almoço de Natal Em Talaíde -Oeiras restaurante o Areias.. tudo completo 10 euros.vou apresentar o livro gostaria de te abraçar
...
Por favor diz-me alguma coisa...
EU terei para fins de Novembro Africa e poesia
O titulo .. Cantar África
Paginas 216
todas as paginas com imagens
preço 12.50 €
vai ser um momento de recordação ,saudade e interrogações...
A longo prazo queria saber quantos te guardo.para poder saber de quantos será a edição,pois vou fazer edicção de autor-
conto com resposta...para me organizar..MESMO QUE NÂO QUEIRAS DIZ...
um beijinho
Meu amigo este conto prende-nos do inicio ao fim, mas que final triste para Maria, mas esta é a realidade neste mundo raramente a justiça vence, o ser humano raramente estende a mão, são os humanos desumanos, beijos Luconi
ResponderEliminarGrata pelas tuas palavras em meu espaço, concordo com cada uma delas.
ResponderEliminarSobre o seu texto, muito bom,reflete bem a fragilidade de certas mulheres, penso que a criação influencia muito na mulher principalmente, maria aprendeu a se negar como gente, já estava morta a pobre e ainda achava viver. Não sou feminista, mas penso que a mulher incapaz de se impor como gente, que morra de fome, melhor morte. corpo a morte de dignidade. Nascemos livres, se não for para o ser, a morte do corpo é a liberdade, pobre maria esqueceu-se disso e morreu enquanto acreditava ainda estar vivendo.
Um grande abraço!
Luis, tudo bem?
ResponderEliminarMuito bem-escrito, de um realismo completo, bastante visual, e a abordagem social muito bem feita.
Essas são as Marias que existem em todo lugar,inclusive um pouco dentro de cada mulher.
Grande abraço! Ótima semana!
Amigo Luís, estava a meio deste teu belo conto, e já a analogia se me deparava no meu subconsciente.
ResponderEliminarEste patrão, mais não é que o nosso actual Governo, e nós ... somos todos Marias !
Precioso e Fabuloso Amigo:
ResponderEliminarRealmente, conta as amarguras, o "andar a seco", as violências sobre as pessoas, de forma fantástica plasmada de encanto enorme.
Parabéns. Muito do que conta percebo-o e compreendo-o na sua realidade de veracidade e autenticidade. Era assim a vida.
Excelente, amigo notável.
Abraço amigo bem forte pelo seu inequívoco sentir a vida na sua imensa amplitude ao retractá-la de forma enorme e precisa. De forma fantástica.
Com respeito e sempre a admirá-lo e ao que faz.
pena
É grandioso o seu pensamento.
Bem-Haja, pela amizade.
Adorei, amigo.
Precioso e Fabuloso Amigo:
ResponderEliminarRealmente, conta as amarguras, o "andar a seco", as violências sobre as pessoas, de forma fantástica plasmada de encanto enorme.
Parabéns. Muito do que conta percebo-o e compreendo-o na sua realidade de veracidade e autenticidade. Era assim a vida.
Excelente, amigo notável.
Abraço amigo bem forte pelo seu inequívoco sentir a vida na sua imensa amplitude ao retractá-la de forma enorme e precisa. De forma fantástica.
Com respeito e sempre a admirá-lo e ao que faz.
pena
É grandioso o seu pensamento.
Bem-Haja, pela amizade.
Adorei, amigo.
Dureza, crueldade e um excessivo servilismo. Uma canalhada!
ResponderEliminarTu já disseste o resto e muito bem dito como sempre.
Abraços
Não foi assim há tanto tempo...Hoje continua mas mais refinado...Belo texto!
ResponderEliminarOlá, Luís!
ResponderEliminarPassei novamente pelo teu blogue e continuo pasmado com a tua produtividade! É obra, sem dúvida!
Parabéns pelos excelentes poemas e textos, alguns deles preciosos testemunhos de figuras humildes mas de elevada estatura moral e grande dignidade, outros de seres humanos espezinhados e humilhados, no meio do mais ensurdecedor silêncio da sociedade, como esta pobre Maria...
Boa tarde, conta uma realidade de vida, que se passou e que possivelmente se passa com muitas Marias deste Portugal.
ResponderEliminarAG
O mais doloroso é saber que muitas Marias andam por aí nesta mesma situação...
ResponderEliminarMas um belo post...
Abraço.
Que história incrível! Pobre Maria..., que destino teve a coitada... Não sei como se diz aí, mas aqui dissemos: "cambada" - gente de sangue ruim; aproveitam-se de tudo de todos, mas enfim... Gostei muito do Conto!
ResponderEliminarAbraço e um bom fim de semana.