O dia da Ascensão era o dia mais sagrado dos católicos. Afirmavam que os passarinhos neste dia não voavam e como os passarinhos todos os cristãos deveriam respeitar este dia.
Era uma homenagem ao Senhor Jesus que neste dia subiu aos Céus vivo e ressuscitado.
Cristo venceu a morte e ressuscitou, mas os seus Apóstolos ficaram vazios da força do Espírito Santo e andavam desnorteados. Jesus passou mais quarenta dias ensinando-os e fazendo-os trabalhar.
- "Ide e ensinai o Evangelho. Quem acreditar será salvo. Curai os doentes. Meu Pai que está no Céu, não vos deixará sem recompensa. A força e a Luz do Espírito Santo guiar-vos-à."
Na aldeia os sinos tocaram de madrugada. Aquele som cortava os vales e os montes num toque festivo e convidativo. Cada um vestiu as suas roupas domingueiras e dirigiram-se para a Igreja.
Era dever dos cristãos ouvir missa inteira aos domingos e dias santos de guarda. O senhor prior até sabia o lugar de cada pessoa dentro da igreja. Se faltasse alguém ele devia saber porquê.
O pai levou consigo os rapazes e foi para a Capela Mor onde apenas estavam os homens. Ajoelharam-se na pedra fria e gasta e ensinou os filhos a fazerem o sinal da cruz.
Depois levantaram-se e esperaram de pé e em silêncio que o senhor prior entrasse e começasse a Oração.
Depois levantaram-se e esperaram de pé e em silêncio que o senhor prior entrasse e começasse a Oração.
Se algum dos garotos olhasse para trás ou fizesse barulho levava um tabefe chamando-o ao respeito.
A mãe entrou pela porta do fundo da Igreja, porta principal, e caminhou com as filhas até meio da igreja onde ainda havia espaço para elas. Como o pai, também ela ajudou as mais novas a fazer o sinal da cruz e a guardarem silêncio.
Ouvia-se um leve murmurar de orações soltas e desencontradas umas das outras. Cada um pedia a Deus por si e pelos seus, pelos vivos e falecidos, pelas searas e pelos animais, pelo tempo e pela chuva que lhes regava os campos.
O sacristão acendeu as velas e logo depois entrou o senhor prior todo ornamentado. Vestes brancas, sinal de festa e de alegria. Pararam as orações pessoais para ouvir uma língua estrangeira que repetia sempre as mesmas coisas de costas voltadas para a assembleia.
Depois de algum tempo, o senhor padre voltou-se para nós e começou a falar a nossa língua e a dar explicações certamente daquilo que só ele leu e também só ele podia entender.
A segunda parte da liturgia continuou na língua estrangeira que nós não entendíamos.
A segunda parte da liturgia continuou na língua estrangeira que nós não entendíamos.
À saída, no adro, cumprimentaram-se os familiares e amigos, regressando a casa pelo mesmo caminho.
A manhã passou depressa, sem nada de especial. O pai, depois de trocar de roupa, tratou dos animais e a mãe fez o almoço.
Ao meio dia já os garotos enfadavam a mãe dizendo:
- Tenho fome !...Era o cheirinho fresco do guisado que estava quase pronto.
- Vão chamar o pai e lavar as mãos que eu já levo a comida para a mesa, disse-lhes ela.
- Mãe o que é hoje o nosso almoço ? Cheira muito bem...hum !
- Tenho fome !...Era o cheirinho fresco do guisado que estava quase pronto.
- Vão chamar o pai e lavar as mãos que eu já levo a comida para a mesa, disse-lhes ela.
- Mãe o que é hoje o nosso almoço ? Cheira muito bem...hum !
- Vá, vão para a mesa.
Esperaram que o pai entrasse e só depois se sentaram.
Esperaram que o pai entrasse e só depois se sentaram.
A mãe dividiu a comida e recomendou-lhes que não dissessem a ninguém que tinham comido frango com arroz e ervilhas.
- Se os tios sabem que comemos frango chamam-nos estragados.
- Então o que vamos responder ?
- Digam que comeram sopa de feijão e couve e que estava muito boa. Entendido ? Vejam lá se não nos deixam ficar mal.
Toda a sociedade tinha de se reger pelos mesmos códigos sociais mas dentro de cada família havia uma distância que os fazia ser diferentes.
Como eram saborosos os almoços ao domingo ou dia santo, feitos num tacho de barro que a mãe colocava num tripé na lareira.
Luíscoelho
(foto do blog de Luísa Alexandra)
(foto do blog de Luísa Alexandra)
Amigo,suas lembranças são sempre belas.
ResponderEliminarUm abraço
Estimado Amigo e Ilustre Romancista Luís Coelho,
ResponderEliminarMais uma bela e interessante história que muito apreceiei.
Vivi esses tempos quando ia a casa de minha avó, hoje esses belos habitos se perderam, infelizmente.
Abraço amigo, votos de óptimo fim de semana.
Hoje amanheci um pouco triste, e lendo sua mensagem foi bom em fez
ResponderEliminarbem,agradeço pelo belo post
Deixo um abraço carinhoso
Bjuss
Rita!!!
Olá amigo, das lembranças também se vive e eu adoro vir ler as suas. Adorei. Beijos com carinho
ResponderEliminarTe ler nos encanta.Luiis!Lindo demais! Tão bom entrar nas recordações assim...Nada mais é igual!abração,chica
ResponderEliminarOlá!Bom dia!
ResponderEliminarLuis!
Tudo bem?
...o dia em que Jesus Cristo subiu ao Céu, diante dos seus discípulos/apóstolos,lareira, tacho, roupas domingueiras, almoço em família...
Verdade é que vivemos dentro do nosso universo particular.
Não raro estamos condicionados a vários tipos de comportamento padrão, existentes no meio social ao qual pertencemos. Hoje... os avanços comportamentais que maculam a idoneidade moral dos seres, da falta de respeito social e familiar, das intransigências pessoais... muito longe da herança familiar nos quesitos da ética e da moral, lições de berço, que tínhamos!
Obrigado!
Bom final de semana!
Abraços
interessante a vida na simplicidade das aldeias e o medo que havia de alguém pensar que eram estragados só por comerem frango com ervilhas, como tudo esta mudado
ResponderEliminarbeijinhos
eu tenho um ensaio fotografico chamado "Sapatos Perdidos" e tenho fotografado eles em todos os sitios por onde passo! Cada dia está maior.
ResponderEliminarLuis
ResponderEliminarMais uma bela estória que me faz voltar atrás no tempo!
Existem pormenores neste texto que se passavam também em casa do meu pai quando eu era pequena.
Bom fim de semana
Beijinho e uma flor
Las tradiciones nos hacen volver a aquellos dias de la infancia.
ResponderEliminarun abrazo
fus
Me encantan estas historias entrañables, llenas de tradición y de sanas noblezas.
ResponderEliminarUn abrazo.
As lembranças de almoço de domingo, quando todos se reunião em volta da mesa e, contmava "causos", piadas, e dava risadas, são tesouros que guardo e sempre que dá visito essas memórias.
ResponderEliminarUma noite abençoada e um domingo de grandes alegrias.
Abraços de camomila.
Lua.
BOA NOITE COELHO
ResponderEliminarVim para te desejar um ótimo feriado e deixar um abraço bem apertadinho… ANA
LA VIDA, LAS SITUACIONES COTIDIANAS SON MUY HERMOSAS.
ResponderEliminarUN ABRAZO
Grata pela vista e sempre que quiser ouvir boa música apareça.
ResponderEliminarAbraços com carinho.
Sol.
Amei sua casa, sempre que puder estarei por aqui.
Sempre ouvi dizer que a comida feita em tachos de barro é muito mais saborosa. Uma refeição digna de domingo... sujeita a críticas... como tudo aquilo que se faz em locais pequenos. Há sempre alguém que não tem mais que fazer.
ResponderEliminarCá estou de volta a deliciar-me com os teus textos.
ResponderEliminarMeu amigo como as doces lembranças do passado ainda hoje aquecem o nosso coração e alegram a nossa alma.
ResponderEliminarBom domingo
Beijinhos
Maria
Ao ler estes textos dá saudades dos tempos da aldeia, em que as prioridades eram outras, e onde se gozava os pequenos prazeres com outra intensidade.
ResponderEliminarGostei muito
Bjs
Olá, querida LIda
ResponderEliminarQue possamos ascender em todos os níveis do nosso viver!!!
Bjs fraternos de paz
Eran fiestas que acercaban a la familia, para las cueles se estrenaba ropa, y se comía según el rigor religioso. Me gustó eso de transgredir la regla para comer ese día mejor. Me encanta la sencillez y naturalidad de sus textos. UN abrazo. Carlos.
ResponderEliminarOs sabores e os perfumes do que foi bem vivido se mesclam aos sons do que nos passou e tatuou a alma. Escrever estas histórias as faz eternas!
ResponderEliminarAbraços!
Pois, meu caro...
ResponderEliminarMas agora os tachos já não são de barro!...
Agora são de metal sonante!
Forte abraço!
Amigo Luís,
ResponderEliminarDurante anos e anos era tradição, aos domingos, feriados, dias santos, ir a casa dos avós à Pampilhosa.
Onde a avó Carmita e as tias (Zara e Olga) preparavam os petiscos que o menino gostava de comer.
Especialmente uns bifes que a minha avó fazia (só ela sabia fazê-los assim) e os pastéis de massa tenra da tia Zara e o bolo de bolacha da tia Olga.
Quem não teve estes mimos não sabe o que perdeu.
Aquele abraço e votos de boa semana
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ResponderEliminarEsses usos e costumes de um tempo passado,talvez nem muito distante parecem que não voltam mais.Hoje,tudo tão diferente,até para aqueles que se dizem fieis à religião.
ResponderEliminarSuas histórias são sempre ricas de belos ensinamentos,abraço amigo e uma semana de luz para você!
Olá, Luis!
ResponderEliminarDepois de ausência mais prolongada que o previsto, vou voltando devagarinho...
E tu voltaste mais uma vez ao teu tempo de menino, às recordações que nunca se apagam - aqui lindamente descritas, como sempre.
Um abraço.
Vitor
Muy interesantes recuerdos. Había que guardar la liturgia...eso aún ocurre todavia, pero sin el secreto de el que dirán...un saludo.
ResponderEliminarMuy interesantes recuerdos. Había que guardar la liturgia...eso aún ocurre todavia, pero sin el secreto de el que dirán...un saludo.
ResponderEliminarHola Luis, que bellos son esos dias. Un placer leerte amigo, cuidate mucho.
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ResponderEliminar*Querido Amigo Luís Coelho !!!
*Como vós estais ?! Bem ?!
Assim espero e desejo !!!
*Luís, esta tua narrativa veio
bem a calhar-me ! Digo isso porque
neste último final de semana,
participei de um Retiro Mariano
na Casa de Nazaré !
Esta referida casa é a casa
de retiro do Mosteiro Belém que
se localiza na zona rural daqui da
minha cidade !
O Mosteiro Belém é da Obra dos
Santos Anjos e da Ordem de Santa
Cruz ! Você conhece essa
congregação da Igreja Católica,
Apostólica Romana ?! Se quiseres
saber sobre a mesma, entre neste
site :
www.opusangelorum.org
Existe uma casa dessa ordem
aí no teu país também !!! Por
sinal, a Irmã responsável pela
mesma aí agora , morava aqui perto
do meu bairro e é minha amiga !
Ela se chama Irmã Sofia !!! Uma
pessoa belíssimaaaaaaaaaa !!!
*Luís, comentando melhor aqui
este teu post sobre a ascensão do
Senhor ... não entendi algo :
- Por que tua mamãe recomendou
para vocês não falarem sobre a
comida que haviam saboreado neste
dia na hora do almoço ?! Qual era
o problema ?! Vocês não podiam
comer carne neste dia ?! (*Não é
correto ir à missa com os filhos
e depois, ensiná-los a mentir !
Isso se chama FALSIDADE !!! *Não
é isso que Deus quer para nós
!!!).
*Olha, Luís, concordo e
discordo em alguns aspectos com
a Igreja Católica ! Todavia,
dentro do meu possível, procuro
ser o mais honesta e transparente
possível !!! Foi esta a educação
que recebi de meus pais !!!
*Meu amigo, continuarei lendo
o teu blog !!!
*Ah, muito obrigada pelos teus
comentários lá no meu amado
*Caderninho !!! Gosto muito !
Gosto sempre !!! :))
ResponderEliminar*Luís, esqueci-me de observar ...
algo aqui neste teu post me agradou
muito : você fala de uma família
- sua família !!! - que se reúne
para rezar, que ensina as orações
para os filhos, que professa uma
crença, uma religião !!! *Isso é
ÓTIMO !!! :))
*Olha, Luís, como professora
que leciona para pré-adolescentes
e adolescentes e jovens, te digo
com certeza e pesar :
- Deus não é interesse deles !!!
Justamente por isso, muitos deles
estão sendo possuídos por vários
tipos de drogas, vícios e ...
morrendo de forma MUITO TRISTE !!!
Isso preocupa quem é, como eu,
uma pessoa que professa, pratica
uma religião e é professora e
mãe também !!!
*Triste realidade !!! :((
Mais um relato da vida real, maravilhoso. É verdade que a comida feita na panela de barro, fica muito mais saborosa.
ResponderEliminarAntigamente ligava-se muito mais aos dias santos, com mais fé e respeito.Outros tempos...
Um abraço
Graça
Ai, que delícia de celebração familiar! Como o Cristo, o cheirinho da comida os fazia também 'ascender' ao paraíso do sabor. Após as orações, evidentemente. Muito bom! Abraço, Angela
ResponderEliminarOutros tempos... frango com arroz e ervilhas, doces ou bolos... eram iguarias - apenas - para dias festivos!
ResponderEliminarHistórias, que descrevem modos de vida passados, com uma veracidade e riqueza impressionante!
Parabéns Luís!
Beijinho e bem-haja pelo carinho... tenha uma boa semana :)
Caro amigo
ResponderEliminarTempos de tanta beleza,
de uma fé simples
e ao mesmo
tempo tão profunda...
Que a sua vida seja sempre
um tributo a esperança.
Luís que maravilha os teus textos, me transportei a um tempo similar, no meu tempo de criança, feliz inspiração, amigo, surpreendente a forma simples e envolvente com que vc escreve, a intimidade da família, como era noutros tempos, saudosos também prá mim foi compreendida e identificada nas minhas lembranças, me senti muito feliz, Obrigada também pelo carinho lá no blog, seus comentários são acolhidos com muita honra e agradecimentos, bjos, tudo de bom e Parabéns, adoro ler o que vc escreve, é o seu chão, como diria meu pai.
ResponderEliminarAmigo, que delícia de texto. Lembrou-me alguns fatos de minha família, tão inserida nas tradições de Minas Gerais. Grande abraço.
ResponderEliminarDoces lembranças. E como diz o povo "recordar é viver".
ResponderEliminarUm abraço
Saboroso, magnifico e de uma grande beleza.
ResponderEliminarSenti cada linha e muitas recordações se cruzaram no meu espirito.
Tenho pena de ter deixado de ser um homem de fé, mas adoro e devoro estes belos momentos.
Um abraço
Olá meu querido Luís, mas uma das que me toca a do dia de Ascensão, em que os meus pais também me diziam que esse dia era tão santo que os passarinhos não comiam, não bebiam, nem punham o pé no chão.
ResponderEliminarE ao tripé nós chama-vamos-lhe uma trempe, onde realmente se cozinhava, enfim outros tempos outras culturas, onde esta nova geração a maioria jamais se sabe comportar.
tenha um lindo dia esta chuvoso mas é Deus Nosso Senhor que anda a lavar a casa e talvez os anjos a tomarem banho, beijinhos de luz e muita paz na sua vida.
PS: olhe amigo o meu marido já recebeu o SIGA para ser operado em outro hospital mas ainda temos mais uns dias bem longos pela espera.
Gosto muito de ler as tuas histórias de antigamente; era exactanmente assim quando eu era criança; ai de quem fizesse um gesto ou falasee na igreja; levava-nos logo um tabefe ou das catequistas ou da mãe. De facto qualquer coisa que se fizesse de melhor para comer ou até para vestir era-se logo considerado um desperdiçado. Era dura a vida e esperava-se sempre com muita alegria o Dominfo, pois havia sempre alguma coisa melhor para comer, mas tudo feito com as coisas de casa, pois não havia dinheiro para comprar; fbifes de vaca, só muito raramente, pois a minha mãe não criava em cas e portanto só de vez em quando o meu pai comprava uns bifinhos. Passou-se do 8 para o 800. Um beijinho, amigo e obrigada pela partilha de mais uma bela narrativa. Fica bem!
ResponderEliminarEmília
ResponderEliminarQue bonito!
Tenho um texto que começa assim:
"Há hoje um ara de outrora, aqui"
Foi o que senti ao ler este relato. Como quem pisa terreno conhecido.
Um beijo
Olá!Boa noite!
ResponderEliminarLuis!
..só para agradecer o carinho da visita e desejar uma ótima sexta feira! Paz e luz!
Abraços
Meu querido amigo
ResponderEliminarSempre nos fazes recordar as nossas próprias lembranças nos teus belos
textos...adorei como sempre.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
É bom recordar, não é?
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Bons sonhos
Velhos tempos, belas lembranças. Outros valores, outra realidade. Lembro que aqui na minha terra na sexta feira santa não se podia ouvir música, nem assoviar, além de tantas outras regras. Gostei muito de ler teu texto, uma descrição que envolve e prende na leitura. Um abraço amigo Luis
ResponderEliminarBela mensagem Paulo, é maravilhoso encontrar raridades assim. Deixo o convite ao meu blog, sua presença será uma honra. Abraço!
ResponderEliminarO tom intimista e familiar faz o seu conto especial, existem diferenças entre cada família, pequenos detalhes do cotidiano que a fazem única e especial. Um abraço, Yayá.
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