O dia entardeceu mais frio e húmido da chuva que caiu copiosamente nas últimas semanas.
Enquanto a mãe preparava a ceia para os quatro filhos, o pai ainda andava na rua a tratar dos animais.
A mãe sentada perto da fogueira que iluminava toda a cozinha, ia escolhendo as folhas de nabiça e ao lume já estava uma panela de ferro de três pernas onde haveria de se cozer a ceia.
Enquanto a mãe preparava a ceia para os quatro filhos, o pai ainda andava na rua a tratar dos animais.
A mãe sentada perto da fogueira que iluminava toda a cozinha, ia escolhendo as folhas de nabiça e ao lume já estava uma panela de ferro de três pernas onde haveria de se cozer a ceia.
_Mãe o que é hoje o nosso comer...?
Perguntou um dos rapazes num dos interválos da brincadeira.
_Hoje vamos todos comer uma sopinha com muitas verduras do nosso quintal e aproveitando o feijão que sobrou ao meio dia.
As mãos da mãe nunca paravam de escolher e sacudir aquelas folhas de nabiças tenras e viçosas e depois cortá-las muito finas para um alguidar de barro.
Na parede em frente estava já acesa a candeia alumiando apenas as nossas sombras que não paravam sossegadas.
Daí a pouco, o pai entrou na cozinha e veio sentar-se no seu canto para se aquecer antes de a mãe começar a deitar a sopa nos pratos.
Todos á uma saltamos-lhe para o colo, os braços e as pernas e recebemos aqueles mimos tão gostosos.
Lembro a dureza da suas mãos calejadas de cavar a terra nos campos diàriamente.
Por vezes doía quando apertava demais as nossas mãositas frágeis e finas.
Estávamos no Inverno e faltavam poucos dias para o Natal.
Começaram então uma cantiga ao menino Jesus, daquelas que se cantavam na Igreja e lá nos distraíam da trovoada e do sono que já nos atormentava os olhos.
A canção preferida de todos:
Entrai pastorinhos entrai
Por esse portal sagrado
Vinde adorar o menino
Numas palhinhas deitado
A canção preferida de todos:
Entrai pastorinhos entrai
Por esse portal sagrado
Vinde adorar o menino
Numas palhinhas deitado
O pai procurava mais lenha para reavivar a fogueira que crepitava misturando-se no barulho da chuva a cair com força nas telhas por cima de nós.
A luz dos relampagos invadia toda a casa e o medo roía-nos interiormente.
A Mãe logo nos socegava com aquela oração a Santa Bárbara
Santa Bárbara bendita
Que no Céu está escrita
Livrai-nos destas trovoadas
E de todas as almas penadas
Entretanto as trovoadas passavam levadas pela chuva e o vento.
Santa Bárbara bendita
Que no Céu está escrita
Livrai-nos destas trovoadas
E de todas as almas penadas
Entretanto as trovoadas passavam levadas pela chuva e o vento.
Começava a rabujice do sono e o pouco apetite para comer a sopa ainda a escaldar nos pratos.
Nesse tempo não nos cantavam aquelas músicas que só aprendemos mais tarde.
«come a papa Joana come a papa..../...»
Tinhamos mesmo de limpar o prato. Alguns dias a Mãe mais cansada dizia-nos:
_ Não queres, não comes.
Vou guardá-la e vais comê-la amanhã. Não comes mais nada..!
Não podemos estragar e a sopa está muito boa.
Aos poucos íamos comendo, para de seguida irmos dormir socegados.
luiscoelho
Se os Direitos das Crianças ouvissem...diriam que se estava e afrontar psicológicamente as criancinhas...porque não deviamos coagir,obrigar a fazê-las o que não querem (o que devem fazer para bem delas).
ResponderEliminarÉ por tudo isso é que só estamos a colaborar com a feitura de marginais...que como não são cativados nas nossas Escolas por terem um ensino só virado para futuros senhores licenciados "desempregados", andam por aí a gastar a verba do estado e logo que podem...como nada lhes foi "obrigado fazer, nem responsabilizado" e como não foi estudado o talento de "cada um" para ganharem gosto e amor por algo que os preencha interiormente, desatam a fazer o que não devem.
E isto é um ciclo vicioso...um nunca mais acabar de vadiagem e a culpa é de todos nós...que vamos atrás da Joana come a papa...e não dizemos come agora ou então fica para amanhã pois nada mais há até comeres o que tens no prato.
Desculpe amigo, este desabafo, mas estes senhores doutores das leis que nada fazem pela socieddae, só fazem é criar leis que tornam os nossos filhos uns desgraçados marginais ou infelizes, porque o que gostavam de fazer mesmo...ninguém lhes deu essa oportunidade.
Sei que não devo generalizar, mas na maior parte dos casos...o fundo da questão é esta: Não haver escolas para as crianças desenvolverem os seus próprios talentos. E gasta-se rios de dinheiro na educação e todos ralham e ninguém tem razão!
Lindo conto de Natal.
Devíamos ter a oportunidade de fazermos diariamente Natal em nossas vidas. Mas todos tínhamos de estar ao mesmo nível espiritual.
Assim é difícil. É a evolução de cada um...assim terá de ser.
Forte, abraço
Mer