(foto google)
Regressavam a casa depois de mais um dia de trabalho na cidade e de aulas no Colégio. Iam e vinham todos os dias num Renault 5 velhinho, apresentando a marca do tempo nas tintas descoloridas e na ferrugem espalhada um pouco por todo o lado.
O fundo do carro estava roto. Quando chovia a água entrava e deixava os tapetes empapados por alguns dias.
Ao fim de semana abriam as portas e janelas e deixavam-no secar e arejar ao sol.
Os tapetes eram lavados e todo o carro ficava com um aspecto mais bonito. Um dia ao tirar os tapetes viram que a chapa estava muito mais rota do que parecia e era perigoso para as crianças. Não poderia continuar. Algum dos meninos poderia enfiar um pé naquele buraco.
O pai foi buscar duas tábuas, cortadas à medida, e colocou-as ali, de um lado e do outro. Ajeitou os tapetes por cima delas. Parecia que estava o assunto resolvido.
Ao jantar dividiam-se as preocupações. Ouviam-se as necessidades e os recados. Era a melhor hora para se falar das coisas de casa e como as iríam resolver.
Eles os mais pequenos estavam atentos. Pareciam viver cada dia as mesmas preocupações dos pais e quando lhes era pedida colaboração estavam sempre disponíveis e cheios de boa vontade.
Foram-lhes dizendo que tinham de trocar de carro por outro melhor e mais seguro. Talvez este ano se consiga juntar o subsídio de Natal e mais algum que tinham guardado. Vamos procurar saber de preços e de carros.
Nessa semana apareceu uma factura de telefone com o triplo do valor que costumavam pagar. Mais uma despesa para agravar a situação.
Nesse dia ao jantar falou-se da factura. Nunca se gastou assim tanto de telefone ! Não pode ser.....
Um dos rapazes disse:
- Fiz chamadas para Évora e não reparei no tempo. Peço desculpa...foi uma amiga da colónia de férias!...
Sinto muito, disseram os pais.... Vais ter que pagar esta conta.
Por vezes damos cabeçadas que nos ensinam mais do que grandes castigos ou discursos.
No dia seguinte esvaziou o seu cofre, mealheiro. Contou e recontou o dinheiro. Em segredo, pediu aos avós uma ajudinha e ainda antes de se deitar foi entregar aos pais o dinheiro daquela factura de telefone.
Ninguém lhe prometeu castigos. Apenas lhe fizeram ver os seus erros e que esta era a melhor forma de não voltar a fazê-los.
A vida continuou com o mesmo programa. Foram-se dividindo todas as preocupações de casa e da escola.
Os mais pequenos foram crescendo deixando os pais participar nas suas conquistas e sonhos.
Nesse Natal (1989) conseguiram ter o carro novo. Era o mais barato da Opel, mas para todos foi a melhor prenda.
Luíscoelho
Na vida em família, por mais que não pareça, é necessária essa inteligência e sensibilidade de fazer com que as crianças aprendam mais com o exemplo do que com palavras. Um ambiente em que todos se sintam incluídos e participantes, dificilmente haverá quem caia fora do ninho.
ResponderEliminarAdorei o texto.
Beijokas.
Não se educam mais as crianças como ao tempo de sua história. Generalizando, hoje a meninada não quer participar do coletivo, não se interessa pelas questões familiares e não tem tolerância quando algo lhes é cobrado. Outros tempos. Um abraço, Angela
ResponderEliminarhttp://noticiasdacozinha.blogspot.com
Que lindo isso, Luís!
ResponderEliminarA participação de toda a família nas
questões do cotidiano é de grande importância e fortalece os vínculos.
Não é preciso agredir física ou verbalmente para fazer valer a autoridade de um pai. Basta que se dê o exemplo e que o respeito impere.
Grande abraço.
Bela crônica, Luis. Exemplos da vida.
ResponderEliminarBeijos
Uma bela lição de vida no cotidiano familiar.
ResponderEliminarSempre bom te ler Luis, conforme já sabes, só agora resolvi o problema do blog... na verdade nem fui eu... enfim, posso estar novamente lendo e comentando os amigos!
Uma semana feliz e abençoada.
Agradeço a visita,
Abraços, Rosana
Caro Luís
ResponderEliminarBonito exemplo de como as famílias partilhavam os problemas e a responsabilidade que cada um assumia.
Excelente relato.
Abraço
Parecia que estva a descrver o meu Fiat 600, Luís :))
ResponderEliminarUm abraço
Nada melhor do que essa vida, essa convivência em familia,,,abraços de bom dia pra ti meu amigo...
ResponderEliminarLuis
ResponderEliminarExcelente!!! Hoje já não existe muito essa partilha com as crianças, é muito diferente a educação de hoje, talvez sejam eles os maiores problemas futuramente.
Abraço
reaprenderemos a viver assim, não tenho dúvidas
ResponderEliminaras responsabilidades assumem-se e os problemas partilham-se
isto é uma família!
um abraço
manuela
Uma lição de economia sempre actual... a austeridade oblige...
ResponderEliminarMeu querido Luís, como (quase) me revejo neste seu relato! Sempre tivemos uma vida tão difícil neste nosso país, não é verdade? E continuamos... O importante é mesmo saber "educar" os filhos e depois deixá-los resolver os problemas que vão ter de enfrentar o resto da vida.
ResponderEliminarMuito bonito. Muito real.
Beijinho
UN TEXTO MUY INSTRUCTIVO, REFLEXIVO, EDUCATIVO. GRACIAS.
ResponderEliminarUN ABRAZO
Amigo Luis,
ResponderEliminarTexto magnífico que evidencia que a família é essencial, deve ser a nossa base. É o nosso apoio.
Um abraço
Bela lição! O seu texto é digno de ser publicado nos manuais escolares.
ResponderEliminarNão só para ser lido pelos alunos, mas também por alguns pais...
Até sempre
Era um bom carro para aquela época!...
ResponderEliminarAinda me lembro dos pratos que se arranjavam com arames, uns ganchos de arame pela parte externa, aquilo tinha que durar... Imagina um carro, com o que custava... costuras por todos os sítios.
Mas o Natal é outra coisa! E uma alegria para todos. Na cozinha esteve a arte que levou ao empreendimento e, todos contentes.
Um grande abraço, bom amigo
Que texto bom, ficou um saldo positivo do acordo telefônico, provavelmente todos participaram dessa vontade. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarUma lição de vida, fruto das dificuldades próprias de quem luta por ela.
ResponderEliminarAbraço Luís, como sempre é um prazer ler o que escreve
Belo texto que nos leva a refletir em várias coisas; todos os elementos da família participando nos problemas e nas alegrias da casa; só assim os filhos aprendem a saber, um dia mais tarde como se resolvem as coisas. Hoje, na maioria dos casos, os filhos são afastados dos problemas económicos da casa e , além de gastarem demais, nunca são responsabilizados por isso, antes pelo contrário, para eles faz-se tudo nem que seja preciso pedir emprestado. Como sempre o teu texto remete-me à minha infância onde nos eram exigidos os mesmos sacrificios que aos pais; por isso mesmo somos cidadãos conscientes.Pena que nos preocupemos em livrar os nossos filhos de qualquer problema, pensando assim que estamos a fazer o melhor por eles; puro engano, pois a vida não vai ter essa preocupação. Um beijinho e parabéns pelo texto. Fico feliz que os problemas com o blog tenham acabado. Até breve.
ResponderEliminarEmília
Tocante, meu amigo! Acredito que a família é a basa de tudo. Nossa primeira convivência em grupo se dá com os pais e irmãos.
ResponderEliminarLinda história que prova o carinho e a responsabilidade de educar de um pai.
Abraços
Amigo Luis,
ResponderEliminarNas tuas palavras um grande ensinamento.
A família unida pelo bem comum é capaz de crescer e se fortalecer pelos laços do amor, respeito e da humildade.
Parabéns pelo belo conto!
Um grande abraço
Tenha um dia de muita paz
Deus seja contigo
Meu querido Luís
ResponderEliminarComo sempre um retrato fiel de tantas vidas e de tantas famílias, e realmente a melhor maneira de os filhos aprenderem o que a vida custa é assim, fazendo assumir os erros.
Deixo um beijinho
Sonhadora
Gostei muito do post que é uma lição para nós.
ResponderEliminarAos poucos isso foi-se perdendo e as pessoas perderam um pouco a noção da realidade.
Um abraço
Homem...ia ralhar por andares desaparecido...mas depois de ler o texto...me deixou assim como que com menos 30 anos...e me revi nessa família...
ResponderEliminarNão tinhamos contas telefónicas grandes porque nenhum dos 3 irmãos podia telefonar sem os pais presentes...de resto...era como se me visse a mim em outros tempos....
Só te queria abraçar!
BShell
Um belo dia pra ti meu amigo...abraços.
ResponderEliminarÉ essa realidade familiar, essa partilha do bom e do mau, que se tem perdido e tem dado origem a gerações menos conscientes, mais dependentes, e que têm vivido no mundo de ilusão que não representa de facto o seu meio, a sua condição.
ResponderEliminarAchei essa família muito bonita e exemplar...Beijo, Luis!
ResponderEliminarEjemplos de vida que da emoción conocer. Muy encantadora historia. Un abrazo.
ResponderEliminarOlá, meu querido!
ResponderEliminarNo dia do poeta, venho trazer um abraço especial do Salto15 Vermelho.
Bjo grande e abraço na alma.
Diva L
Meu amigo este seu texto emocionou-me.
ResponderEliminarO primeiro carro do meu pai tinha um buraco na chapa que foi tapado exactamente da mesma madeira, com uma tábua, era um vauxhall viva que durou até o motor ceder de cansaço :)
Era uma época em que dávamos valor às coisas pois tudo era difícil de adquirir.
Apesar de actuais dificuldades não se comparam com as que vivíamos nesse tempo.
Beijinhos
Li todos os comentários que agradeço do fundo do coração.
ResponderEliminarPassei por todos blogues, retribuindo a visita. Alguns não me é permitida a entrada.
Neste momento não consegui deixar um comentário no Bogue de
- Maria Emília Moreira
- Jorge em Azimute
- Picos de Roseira brava
Preenchi o comentário e o mesmo não era enviado.
Cheguei tarde, mas há tempo para agradecer pelo texto.
ResponderEliminarMinha família era bem assim, me orgulho do meu pai*, que soube me educar e aos meus irmãos,
eu aprendi a valorizar o pequeno e o grande presente que a vida me dá...por ele, "o meu pai", um português, com certeza.
Alguém disse "outros tempos", penso que "depende, pois quando queremos educar*, não é tão difícil...
Temos que participar da vida dos filhos, é isso.
beijos da Mery*
Que bonito relato,Luis.Me pareció muy buena la actitud de los padres,en vez de castigo, colaborar con la familia reparando el gasto y sirviéndole de lección para su vida de adulto.
ResponderEliminarTe dejo un abrzo y mi cariño.-
Um belo final de semana pra ti meu amigo...abraços.
ResponderEliminarTempos bem diferentes dos de hoje, mas penso que os valores eram transmitidos coisa que cada vez mais se esta a perder, ajudar um filho a crescer é também responsabiliza-los pelos seus atos
ResponderEliminarbjs
Bonita historia mi amigo Luis, involucrada la familia , los problemas se sobrellevan mucho mejor-
ResponderEliminarGracias por quedarse a mi lado
Con ternura
Sor.Cecilia
Caro amigo
ResponderEliminarEm momentos assim,
a alegria
é a melhor forma
de ensinar...
Que os sonhos te habitem
o coração, sempre...
Ótimo texto!
ResponderEliminarAmar o filho, também é responsabilizá-lo pelos seus erros... é assim que ele percebe que os seus atos refletem na vida de outras pessoas.
Beijos, querido e ótimo fds.
Nada melhor para aprender que na vida " o senhor dinheiro" custa muito a ganhar e, por isso, merece muito respeito. O rapaz aprendeu da forma mais correcta que tinha cometido uma falta e que havia que corrigi-la. Sou defensora destes "castigos" bem mais eficazes do que a antiga sova que deixava em sofrimento o agressor e o agredido.
ResponderEliminarBoa lição! Bom educador!
Bem-hajas!
Abrço fraterno
*Luís, como gosto dos teus textos !
ResponderEliminarVocê fala de FAMÍLIA e este assunto
em muito me agrada porque acredito
mesmo que está na família ou na
ausência dela as causas de quase
todos os sucessos e fracassos dos
nossos jovens, dos adultos, das
pessoas em geral !!!
*Fez bem para o rapazito
esvaziar o cofre, pedir ajuda -
em segredo ! - aos avós e pagar
a conta de telefone !!! É por
aí que a banda toca !!!
Aqui em casa, quando meu
filho disse-me que não queria mais
estudar, quase chorei e disse-lhe
sem hesitar :
- Então, vais trabalhar !!!
Hoje, ele está doido para
concluir o segundo grau e entrar
para a faculdade porque um dos
gerentes do hotel no qual ele
trabalha como garçom , falou para
ele retornar aos estudos para ter
chances de algumas promoções que
a administração do hotel deseja
oferecer para ele !!!
*Sou professora de uma
escola pública do Estado de SP e
nas nossas reuniões de H.T.P.C.
- Horário de Trabalho Pedagógico
Coletivo - sempre observo que
existem dois tipos de aluno : os
que possuem família e os que
não possuem !!! É bem diferente
uma situação da outra !!!
Nas nossas reuniões de
"Pais e Mestres", os pais dos
bons alunos sempre estão presentes
e interessados no desempenho dos
filhos na escola e os pais dos
maus alunos NÃO APARECEM !!!
São crianças, jovens que são
JOGADOS dentro da escola !!! Tenho
MUITO DÓ deles !!!
*Amigo Luís Coelho, fiques
com Deus e tenha um ALEGRE dia de
DOMINGO ao lado dos teus !!!
*Um abraço.