quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Alcobertas - 25/09/2010


Imagem colhida na Net


O Sol levantou-se mais cedo e fez-me saltar da cama no tempo adormecido. Hoje é o dia do nosso encontro anual. Tantos amigos que nos ajudaram a crescer na estrada de vida.

Caminhos diferentes. Curvas e contracurvas pela montanha acima. Olhos rasos de ideais e sonhos em formação.

Não há formalidade nas palavras, nem apresentações traduzidas em silêncios interrogativos.
Com um abraço se agarra o nome e se recordam aqueles traços de meninos na década de sessenta.
Alguns de anos anteriores e outros de anos seguintes.


Iniciámos às dez horas junto às salinas de Rio Maior e fomos ouvindo algumas notas explicativas sobre a sua descoberta e o valor comercial do sal.


Seguimos para Alcobertas e visitámos os potes dos mouros, cravados no subsolo e que eram utilizados para guardar cereais, azeite ou mesmo vinho em tempos remotos.


Visitámos ainda dois fornos para a cozedura do barro trabalhado. Panelas ou jarros e também aqueles potes de grandes dimensões.


Ainda antes do almoço passámos por Olhos de Agua, nascente do rio Alviela. Águas limpas e transparentes correndo apressadamente por entre cascatas de pedra solta.


O almoço foi servido no Centro Recreativo de Chãos onde se pode ter uma imagem panorâmica de toda a região. Simplesmente maravilhoso. 


Houve ainda tempo para visitar as grutas de Alcobertas situadas quase no cimo da serra. Um acesso bastante difícil. 


A Anta de Alcobertas que vimos na foto é uma das maiores da Europa. Não foi possível visitá-la. O acesso a faz-se pelo interior da Igreja.


A noite foi lentamente abraçando todo o encanto da serra e cada um foi deixando um agradecimento pela iniciativa e o desejo de um reencontro no próximo ano.


Parabéns aos promotores pela iniciativa e pelo programa que estava estudado ao pormenor.


Dissemos adeus e partimos rodando os olhos por todo o encanto que ali podíamos colher. As estrelas num firmamento silencioso, contrastando com a iluminação publica das aldeias perdidas no fundo dos vales e no sopé da Serra d'Aire e Candeeiros.
Luíscoelho

domingo, 26 de setembro de 2010

Se eu fosse rico





Não quero ser rico
Nem quero ser pobre 
Quero uma vida simples
E um coração nobre.
Quero paz e muito amor,
Correr por vales e montes,
Sentar-me na beira do rio
Beber a água nas fontes.
Não quero o Sol com grades 
Nem trancas à chuva que cai
Quero amar os que me amam
Dizer adeus a quem vai,
Gritar na noite serrada
O nome da minha amada
E nesta vida sem tempo
Viver um bom pensamento.
Quero agarrar os olhos da Lua
Virando-a para nascente
E neste mundo de ventos 
Fazer do amor um presente
E que todos os quartos da Lua 
Se tornem em quarto crescente.
luíscoelho

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vida em movimento

Não sei controlar estes pensamentos que correm no meu interior, formando um caudaloso rio de emoções com quedas de água vertiginosas ferindo as pedras nas sua passagem repentina.

Às vezes paro e pergunto, porque me ocupo destes pensamentos colados como lapas no meu peito.....???

Porque me deixo molhar nestas correntes que aumentam de velocidade a toda a hora e me deixam numa carência aflitiva por uma explicação ? 
Porque procuro uma palavra amiga ou um pouquinho de afecto dos nossos laços familiares.........??

Não encontro nada...nada que me faça renovar ânimo e ultrapassar estas correntes que aumentam o sofrimento silencioso. Teimamos em esconder este desânimo numa qualquer curva do rio onde possa recompor-se e renovar-se.

Como mudaria todas as coisas se pudesse entrar pelas tuas portas abertas e mostrar-te a dor que me traz a tua indiferença e o silêncio em que te escondes assim como os teus projectos.

Se pudesse parar esta corrente e falar das nossas coisas, da saudade que me mata com a tua distância, do desejo de te voltar a ouvir nos sons da viola, dos projectos e das dificuldades.

Prendo-me naqueles pensamentos de que não queres ouvir-me e fazes a tua passagem apressada não criando um espaço ou uma hipótese de um pequenino diálogo.....

Pressinto a tua corrida mais rápida, esquivando-te às perguntas que não queres ouvir nem dar-nos uma resposta que nos tranquilize.
Vejo-te passar na voragem do tempo que cada vez nos afasta mais tornando o nosso silêncio assustador.

Onde foi que errei e porque te escondes.....???
Quando damos tudo e depois recebemos indiferença algo estará errado.

As águas deste rio tendem a transbordar. É a tua mãe, com todo o cuidado, vai dizendo coisas que me tiram as palavras e me fazem mergulhar nesse rio turbulento. Palavras que me amarram às margens, esperando aquela oportunidade do nosso reencontro.

Quando...de que modo e quais os efeitos..........??? 

Os filhos deste tempo, tem tempo para os amigos, o cinema e os concertos, mas evitam os pais. Falam-lhes com aspereza e pensam que são eles os donos do mundo e do destino.

Onde errámos e te soltámos as asas para voares tão orgulhosamente livre...esquecendo o nosso esforço para te acompanhar ....sem que nada te faltasse...
Luíscoelho

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Palavras

As palavras correm apressadas,
Confusas e desordenadas
Entopem os olhos de símbolos,
Rasos de letras e de sons.
As palavras transformam
O papel e as cores da vida
Traços, pontes, tudo se liga
Movimentos, sombras e pessoas
Num acontecer sempre novo.
Palavras minhas, palavras tuas 
Palavras perdidas em todas as ruas,
São gritos soltos esquecidos de amor
São ais de silêncio vividos com dor
E tantas alegrias cheias de esperança 
Correndo na vida, sua pista de dança. 
Palavras loucas, agressivas a mais
Palavras boas tão poucas,  pequenas demais
Luíscoelho.



sábado, 11 de setembro de 2010

O Pinhal do Rei


Foto colhida no Blogue Dias com árvores


O pinhal era grande e vasto, cheio de pinheiros frondosos e de um encanto que nos levava a imaginar uma infinidade de coisas e animais perdidos na sua vastidão .

Diziam que o pinhal foi mandado semear pelo Rei D.Dinis – O Lavrador.

Começava para lá dos campos do rio Liz, do lado Poente, e estendia-se até ao mar.

Era um mundo. Uma mata cerrada, onde poderíamos facilmente perder-nos.

Havia uma época em que  autorizavam ir lá e trazer carradas de mato. Ainda assim, esses dias e semanas, eram divididos por todos os lugares aqui perto, de modo a não entrar em conflitos com os vizinhos.

O mato era utilizado para os currais dos animais domésticos, criando-lhes camas secas e confortáveis aos bois e aos porcos ou ainda as aves de capoeira.

Saíamos de casa duas ou três horas antes do amanhecer. As vaquitas puxavam o carro, indo sempre à frente alguém que conhecia aqueles  "aceiros" - Caminhos abertos no meio do pinhal em linha recta até se perder de vista.

Devíamos estar na mata ao amanhecer para juntar e carregar.  Quando o sol começava a aquecer,  as moscas  tornavam-se insuportáveis, para nós e para os animais. Com o calor era mais difícil fazer as carradas de mato bem feitas.

Havia um certo cuidado em fazer de todo aquele trabalho com arte. Ninguem gostaria de ser a "chacota" dos outros. 

As entradas e saídas eram sempre efectuadas junto à Casa dos Guardas. 

Os guardas tinham uns ferros e perfuravam as carradas de mato para se certificarem de que não tínhamos cortado alguns pinheiros, pois isso era proibido.
No Inverno, tínhamos de seguir a pé para não enregelar com o frio.

Os pés gretados a pisar o chão quase nem os sentíamos, mas o desejo de ser dos primeiros e de voltar cedo nem se reparava na dor.
Um dia já tínhamos a carrada quase feita, mas o carro deu um "solavanco" e desmoronou-se tudo para um e outro lado. 

Por lá ficámos, a Mãe em cima do carro com um ancinho, sempre a fazer a carrada em camadas certas. Puxando o mato de um lado para o outro e segurando as "paveias" que eu lhe ia atirando lá para cima. 

Quando terminámos estava lavado em suor. Dei uma volta de corda a segurar o mato e ajudei a mãe a descer. Reapertámos a carrada e começamos a caminhada de regresso. 

Com os nervos - "à flor da pele"- nem conseguimos comer o farnel que levámos.
Graças a Deus que o resto da viagem correu bem. Comemos então alguma coisa quando chegámos a casa e depois fomos tratar de outras sementeiras que deviam ser feitas naquela época.

Naquele tempo tínhamos os nossos pinhais sempre limpos e quando nos dávam este mato no Pinhal do Rei ficávamos sempre contentes pois era um mato melhor para acamar os currais do gado e para estrumar as terras nas sementeiras.

Ainda me lembro, contava a mãe, de pedir aos meus pais para nos deixar ir às Festas do Senhor Jesus dos Milagres e a Avó disse-me:
- Sim senhor, podem ir, mas primeiro vão à Mata e trazem uma carrada de mato. Assim foi! Saímos mais cedo ainda  e lá fomos,eu e os tios. 

Juntámos, carregámos e voltamos ainda a tempo de mudar de roupa e fazer um farnel para levar para a festa. Neste tempo ir à festa era ouvir a missa e o sermão e ainda ir na procissão.

Gostávamos de ficar por lá até  à noite, de ver o fogo de artifício e ainda nos divertíamos no bailarico. 
Outros tempos de sacríficios que vocês nunca conheceram.
Tantas coisas que os pais nos contavam ao serão, para não adormecermos antes da ceia estar pronta.
Luíscoelho

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Na sombra da noite


Imagem colhida no Blogue da Maria - Divagar sobre tudo um pouco


Na sombra da noite 
Ouço-te sonhar
Palavras de esperança
Neste leve acordar.
Ouço-te no silêncio
Que dança em compasso
As letras perdidas 
Nos sons que refaço.
Nas sombras da noite
Há cantigas de amor
E gemidos de dor
Nas estrelas que vimos 
E em tudo o que ouvimos
E deixam saudade 
De amar com verdade.
Nas sombras da noite 
Perdidos andamos,
Cansados, doridos
Mas sempre caminhamos
E também recordamos 
Os momentos vividos
Luíscoelho