domingo, 28 de agosto de 2011

A visita - 19/08/2011



A visita

Abriste-me a porta
E deixaste-me entrar
Olhei-te em silêncio
Com desejo de amar
Nossos olhos  sorriram
Os braços se apertaram
Os corações se fundiram
E as palavras cessaram.

Erguemos as taças
Selamos o acordo
Bebemos o licor
Que se fez do amor
Voltámos a olhar
Sem querer pensar
E um novo abraço
Só veio confirmar.

As horas voaram
Sem nada as deter
Nossas almas migraram
Sem nada entender
Abracei-te de novo
Com um rosto estrelado
Partiste sorrindo
Me deixaste encantado

19/08/2011
Luíscoelho








Blogger Duarte disse...
Me ha llegado la noticia que, algunas de las visitas que emplean la lengua española, tenían alguna dificultad para entender el texto, aquí queda mi aportación con la traducción.

LA VISITA

Me abriste la puerta
Y me has dejado entrar
Te miré en silencio
Con deseo de amar
Nuestras miradas sonreían
Los brazos se han apertado
Loa corazones se fundieron
Y las palabras han cesado.

Elevamos las tazas
Sellamos el acuerdo
Bebimos el licor
Que se hizo del amor
Volvimos a mirar
Sin querer pensar
Y un nuevo abrazo
Solo vino confirmar.

Las horas volaran
Sin nada las detener
Nuestras almas migraran
Sin nada entender
Te abracé de nuevo
Con el rostro estrellado
Partiste sonriendo
Me dejaste encantado.

Poema de Luis Coelho
Traducción de Joaquín Duarte


Un gran abrazo para todos
4 de Setembro de 2011 17:02
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Alex & Dina


(foto do google)


A Dina era uma menina simples. Passava despercebida pela sua conduta diária. Nasceu em Portugal mas logo nos primeiros anos viajou com os pais para a Alemanha onde estudou e cresceu. 

Nos últimos meses do secundário o pai da Dina, adoeceu. Apareceram-lhe vários tumores. Foi operado, mas os tumores debilitaram-no.
  
Regressaram todos a Portugal, com a esperança de um milagre. A Dina e os familiares acreditavam que os ares da aldeia, o convívio com os amigos e ainda o silêncio lhe fariam bem.
Resistiu em casa , durante algum tempo, mas teve de ser internado no hospital.

Em Maio de 2004 ao entardecer o seu coração parou. A Dina abraçou a mãe e retirou-a para fora da enfermaria. Juntaram-se-lhe os outros três irmãos e dividiram entre si o peso de todo aquele silêncio. 

A vida não pára mami. Dizia a Dina à mãe tentando fazê-la regressar à realidade.
Quero continuar a estudar até concluir o meu curso.
Foi para Coimbra e trabalhou até conseguir a licenciatura em Biotecnologia. 


Viajou até à Suiça onde encontrou o Alex e um emprego dentro da sua área de estudo.
A vida é uma corrida. Não podemos perder o comboio das oportunidades que vão surgindo. 
O seu relacionamento com o Alex era de uma simbiose quase perfeita.

Marcaram o casamento, para 23/07/2011 e fizeram os convites aos famíliares e amigos.
Fomos testemunhas da sua aliança. Partilhamos a alegria de cada momento.
Cerimónias foram simples mas muito belas. 

Ambos deixaram transparecer a sua alegria. 
A família abriu-lhes as portas de casa e do coração.
Desejamos que sejam felizes e que consigam alcançar todos os objectivos que traçaram para as suas vidas.
*******************************

Convosco vivemos a coragem
Partilhamos a vossa alegria
E saboreamos o pão do amor,
Que vos reuniu neste dia.


Queremos que a vossa viagem
Seja confiante e serena.
Que os dias sejam de paz
E que vivam em comunhão plena


A vida é de trabalho
De confiança e rigor
Que nunca vos falte o pão
Nem o respeito ou o amor


Que todos os dias vos lembrem
As graças do nosso Deus
Que tenham amor entre vós
E nunca se esqueçam dos seus.


Beijinhos da família Aguiar Coelho

terça-feira, 9 de agosto de 2011

500 Participantes

Exiba pantufas ...jpg na apresentação de slides
Oferta da Rosa Maria
500 Participantes

Em Novembro de 2007 iniciei este espaço. Desconhecia regras, segredos, textos e tantas coisas mais. Com os erros fui aprendendo e muitas noites teimava em descobrir como se organizavam os textos e as fotografias.

Lentamente foram surgindo comentários que me encheram de coragem.
Os participantes foram crescendo, atingindo esta manhã o número quinhentos. Foi o Padre Manuel Gonçalves com o Blogue Veritas in Veritate .

Levantei a cabeça e respirei com gosto e também satisfação.
Foi um esforço coroado com êxito que atribuo a todos os que vem participando no blogue = lidacoelho = Os vossos comentários fazem parte integrante dos textos. Por esta razão não fiz nenhuma alteração nem acrescentei alguma coisa mais. 
Reparto a minha alegria com todos de igual modo. Sem o vosso apoio e os vossos comentários não me seria possível esta caminhada.

Gostaria de continuar a contar com a vossa amizade que me é muito preciosa.
Prometo-vos continuar a fazer os textos dentro daquilo que sei, do que me lembra ou até de simples acontecimentos de cada dia.

Prometo-vos escrever cada dia com maior simplicidade e clareza de modo a tornar os textos ainda mais atractivos e participativos
Pelos erros, pelas gralhas e outras lacunas peço que me desculpem
Para todos envio um abraço de amizade com o mais profundo respeito.
Luíscoelho

domingo, 7 de agosto de 2011

A Maria da Luz

stock photo : A lifetime coconut basket

(foto google)


Simpática Senhora. Tinha uns olhos grandes e sempre sorridentes.
Fazia bolos tradicionais que vendia nas feiras e mercados ou ainda pelas festas populares. Empilhava os bolos dentro de uma poceira trabalhada. Depois cobria-os com uma linda toalha branca com as pontas metidas para dentro da poceira.

O marido ajudava-lhe a colocar tudo à cabeça. Num canto da poceira levava ainda algumas enfiadas de  pinhões. Com uma agulha e linha iam enfiando os pinhões formando um colar que as meninas gostavam de pôr ao pescoço. Nas mãos levava ainda uma saca com tremoços curtidos e outra de pevides torradas que vendia a copo ou com uma pequena medida de madeira.

Os dias da Maria começavam muito cedo. 
Saía de casa ao nascer do Sol e só voltava quando tivesse tudo vendido. 
Percorria distâncias entre cinco a dez quilómetros com o cesto à cabeça e seguindo por carreiros ou caminhos no meio de matas densas e escuras.

No mercado, escolhia um lugar e colocava os bolos bem à vista de todos, mas fazia também a sua propaganda comercial:
- Então freguesa não quer comprar um bolo...? São baratinhos...!
- Leve também tremoços ou pevides....São os melhores que se vendem por aqui!

Depois do primeiro negócio benzia-se com o dinheiro e dizia:
- Que nossa Senhora me ajude e que me dê boa venda....
A Maria da Luz gostava muito de falar e quando não tinha assunto, inventava. As mentiras eram tantas e tão grandes que já ninguém acreditava nela.

Umas vezes falava de grandes negócios que fizera e que lhe renderam umas patacas. Outras vezes falava dos seus conhecimentos onde já tinha pedido emprego para os seus rapazes.
Conhecia o Senhor comandante da Base Aérea de Monte Real e os donos dos melhores hotéis das Termas.
- Ah os meus filhos estão garantidos. Tem emprego certo...!

O Chefe da CP (Caminhos de Ferro Portugueses) já me disse que assim que eles façam a quarta classe que os leve lá. Devem começar logo a trabalhar. 
- Ai eu nem sei como é que hei-de agradecer a esta gente tão importante.....

- Estou aqui muito preocupada para chegar a casa. Tenho tantas coisa para fazer.......
Mas atacava novamente:
- Então e você não sabe que ....e lá começava outra história sem pés nem cabeça....
- Ai o meu homem hoje bate-me ....vendi tudo tão barato...Não havia quem quisesse comprar e eu não queria vir carregada outra vez..... 

- Ando aflita da minha espinha, sabe ?
Os médicos mandaram-me ir a banhos para a praia da Vieira, mas como? 
Os meus filhos não podem passar sem a mãe.... Talvez para o ano que vem. O meu filho mais velho, se Deus quiser, já vai trabalhar....

Um dia foi à fonte de Santo Amaro buscar água para fazer a ceia. As horas passavam e nada de voltar para casa. O homem estava desesperado e foi bebendo uns copos.
Noite fechada meteu-se ao caminho e foi procurá-la. Encontrou-a já de regresso a casa com a bilha da água à cabeça. 
- Olha lá são horas de chegar a casa...?  Tu não tens juízo nem vergonha....onde chegas tens que "botar conversa". Nunca te fartas de conversas...

- Oh homem, não me batas. Estive a ajudar o sr Neves a debulhar o milho e demorei mais um pouco. Não havia por lá ninguém para ajudar !
Quando a discussão começou a levantar de tom apareceu um estudante que se meteu à conversa com o marido da Maria da Luz.
Ela, assim que os ouviu falar, sumiu-se com o cântaro cheio de água. Foi para casa e começou a fazer a ceia.

Quando o marido regressou, já lhe tinha passado a fúria. Aquela vontade de partir tudo.
A ceia estava na mesa e tudo acabou bem.
Na semana seguinte, depois de cozer os bolos no forno, escolheu o maior de todos e foi levá-lo de presente ao estudante.

- Isto é para te agradecer. Se não fosses tu ele tinha-me batido! Disse-lhe ela ao chegar.
- Mas não é preciso nada, nem as coisas aconteceram por minha causa.
- Aceita e cala-te que eu é que sei quando ele está bravo.............

Não havia nada a fazer. Ela era mesmo assim. Para tudo tinha pé de conversa e parece que nunca tinha pressa de se ir embora. 
Repetia muitas vezes:
- Ai tenho tenho tanta coisa para fazer...nem sei por onde devo começar....e se o meu homem chega  a casa primeiro do que eu, vou ter de o ouvir ...ai vou, vou... 

O marido da Maria da Luz era um bonacheirão. De quando em vez bebia uns copos mais bastos para esquecer a vida dura que levavam. Cambalhota aqui... cambalhota ali, mas lá ia de regresso a casa. Nestas noites a mulher não lhe dizia nada. Ajudava-o a deitar-se, porque dormir isso ele fazia muito bem. 
Morreu ainda novo. Deu-lhe uma coisa. Dizia a Maria da Luz....

Alguns anos depois, ao anoitecer, vinha ela para casa carregada com a bacia da roupa lavada. Tinha passado a tarde toda no lavadouro público. Lavou a roupa dela e a alma de toda a freguesia. 
Nunca se calou enquanto teve com quem conversar.
Depois quando atravessava a estrada nacional 109, foi colhida por um carro. Teve morte imediata.

Cada pessoa da minha aldeia tem uma história dentro de mim. Como as conheci, as vezes que falámos e as suas particularidades. Se pudesse escreveria um pouco sobre cada uma.
Todas contribuíram com as suas palavras e a sua vida para que as recorde hoje com saudade e também o prazer de relembrar as suas histórias.
Luíscoelho


P. S - O final do texto é triste, mas foi assim a vida da Maria da Luz. Foi assim que ela acabou. Poderia ter escolhido outro, mas já não seria a mesma pessoa. Seria outra sem o olhar vivo desta minha vizinha, que naquela tarde dizia que ia tirar a carta de condução. (tinha sessenta anos)
Todos riram e disseram: - essa é branca....xiça...que imaginação....
- É verdade, tão verdade como nós estarmos aqui todos....Juro, juro e juro.... 
Para ela foi verdade...era assim que via....

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vai e deixa-me só


(foto google)


Agora tenho medo, tanto medo
Parece que me persegues
Que te aproximas e me levas neste enredo. 
Queria ver-te sem que me visses,
Seguir-te sem que me descobrisses.
Agora, tenho medo do teu olhar.
Parece que entras dentro de mim,
Que me devassas a alma e o corpo
Que roubas o meu espaço
E não me deixas respirar.
Queria ouvir-te silenciosamente,
Beber o som das tuas palavras.
Imaginei-te dentro de mim
Construí-te como gostava de te ver
Desenhei-te nas formas do teu ser.
Mas agora que estás perto, tenho medo,
Tanto medo que penso fugir de ti,
Esconder-me muito longe daqui e de mim. 
Este medo já me farta e nos afasta, 
Parou o meu coração e o sonho.
O sangue solidificou a razão. 
Não te aproximes mais,
Deixa-me morrer sozinho.
Que o meu silêncio me baste
E que esta dor se aparte.........
Luíscoelho