domingo, 1 de março de 2015

Domingo à Tarde - 2ª parte

Hoje não fomos fazer nenhum passeio. Decidimos ir às compras. Precisamos de reabastecer o frigorífico para a semana. Os almoços, as merendas e o jantar têm de ficar programados.
Começámos pelo Banco. Depois de actualizar a caderneta e ver o saldo, levantámos o indispensável para as necessidades de cada dia.
De seguida fomos comprar charcutaria, peixe e alguma fruta. Não nos importa a quantidade, mas a qualidade daquilo que compramos. Menos e melhor.
Também já fomos enganados.
Comprámos leite mais barato – promoção, que depois ninguém conseguiu beber. Azedava simplesmente.
Hoje tivemos necessidade de levar o saco. Já lançaram mais uma tacha sobre os sacos de plástico. Não sabemos para quê e nem porquê. Uma tacha que não tem cabimento nos nossos magros vencimentos.
Os políticos em vez de baixarem as suas mordomias, vencimentos e regalias vão lançando tachas e impostos que nos sobrecarregam a todos.
Já nos prevenimos. Agora andamos com sacos no carro e com uma moeda para os carrinhos do exterior. Depois do pagamento é mais fácil transportar tudo e arrumar as coisas como gostamos.
Nada se faz sem trabalho, mas juntemos a tudo boa disposição e espírito de organização.

A minha mulher sugeriu:
- Passemos pelo Lidil para ver se existem promoções. Já lá encontrámos diversas coisas para o lar e a preços compensadores.
- Calha em caminho. Respondi. Vamos até lá.
Depois de dar uma volta pelos corredores centrais, verificamos que não havia nada do que procurávamos.
Comprámos apenas dois chocolates. Quando passamos eles riem-se para nós e lá nas prateleiras, chamam baixinho:
- Leva-me! Estou em conta!...
Ui, aqueles com avelãs cegam-me. Nem sempre lhes resisto, mas também nem sempre os ouço chamar naquela melodia de encantamento.
Muitos dias entro surdo, cego e mudo.
Apenas vejo o que procuro e desapareço muito rapidamente, não vá o diabo tentar-me com aquilo que não preciso…

Estávamos no parque, junto do carro e com as portas abertas, quando se aproximou Skoda branco. Buzinou e dirigindo-se a mim, perguntou se estava tudo bem.
Depois saiu do carro e  veio estender-me a mão, num cumprimento um pouco estranho.
- Não se lembra de mim? Fui levar muitas cartinhas a sua casa. Eu trabalhei nos CTT.
- Não, respondi. Não conheço não.
 - Sabe eu tinha bigode. Agora estou diferente. Imediatamente pergunta:
- Posso cumprimentar a sua esposa?
Nem esperou pela resposta. Meteu-se à conversa com a minha mulher que já estava sentada dentro do carro, mas ainda com a porta aberta. A minha mulher confirmou que também não o conhecia.
- Olhe, continuou, agora sou chefe de vendas na Vorten. Se precisarem de alguma coisa procurem-me. Vou estacionar o meu carro e trazer-vos um cartãozinho.

Assim que ele virou costas, eu sentei-me ao volante e  saí dali acelerando o que podia. Depois fui vendo, pelo retrovisor, se estava a ser seguido…
A minha mulher dizia:
- Grande filho da mãe. Estafermo! Aquilo era um assalto. Ele deve-nos ter seguido desde o Banco. Não atacou antes para não criar desconfiança…

Em casa, contámos a história e todos confirmaram as nossas suspeições. Eles andam por aí. Atacam onde podem. As pessoas não desconfiam e depois é tarde demais.
Deveria haver ainda outros cúmplices na retaguarda deste fulano, mas não tive mais tempo para verificar. Era urgente sair dali.
Desta vez livrei-me de muitos problemas e aborrecimentos…
Sorte? Simplicidade?!...
Não sei mesmo, mas nesta tarde o meu Anjo da Guarda, estava perto e foi meu protector.
Luíscoelho
Março/2015 

20 comentários:

  1. Também eu fico de pé atrás com isso das promoções.Leve 3 pague dois, leve quatro pague três...huuumm não me cheira bem. E eu penso assim: se só preciso de dois porque é que vou levar três ou quatro. E assim por diante. Realmente essa coisa dos sacos de plástico também me põe desconfiada. Em vez de procurarem soluções ambientais se realmente se trata de uma preocupação com o meio ambiente, só os ouvimos falar nos milhões que vão encaixar com a tal taxa verde. Enfim... A solução mesmo é andarmos com os nossos sacos como no tempo das nossas avós.
    Aquele encontro à saída do Lidl é que foi! Ainda bem que tiveram a percepção do que era ou do que poderia ter sido. Todo o cuidado é pouco nos tempos que correm.

    Meu amigo, bom resto de domingo.

    Abraço

    Olinda

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  2. Meu amigo essa situação à saída do supermercado foi realmente bem suspeita, era certamente alguem com o intuito de vos roubar.
    Ainda bem que conseguiram sair dali sem ter problemas.
    Tenha uma boa semana
    Beijinhos
    Maria

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  3. Que bom que ao final tudo deu certo e o anjo da guarda funcionou bem! Cada uma que acontece que dá mesmo receio! abração,chica

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  4. ~ Ainda bem que contou este episódio. Talvez eu não tivesse uma reação tão rápida
    porque não tenho ouvido relatos destes acontecimentos.

    ~ ~ Abraço com votos de excelente semana. ~ ~
    ~ ~ ~

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  5. O luis é mais esperto e mais previdente que eu.
    Era bem capaz de ter caído no conto do vigário....
    Aquele abraço, votos de boa semana

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  6. Graças a Deus, o Anjo da Guarda estava jjunto, amigo. No caos social geral hoje em dia, só proteção divina; Abraço.

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  7. ⋰˚هჱܓ
    Infelizmente é assim mesmo que funciona... por aqui é mais violento... uma arma apontada.
    Já ouviste falar na "saidinha de banco"?
    Todos sabem... inclusive a polícia, mas não tem uma vigilância mais eficaz.
    O lema é: desconfiar sempre!!!!
    Beijinhos e tudo de bom nessa semana, amigo!
    ه°·✿

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  8. Luís,

    Já me aconteceu, exatamente o mesmo, e ele também me disse k trabalhava na Worten, na qualidade de chefe, mas foi no parque de estacionamento do modelo/continente. Ele estendeu-me a mão, qdo eu vinha com o carro das compras, e eu disse-lhe: eu não cumprimento desconhecidos, a menos k o façamos na esquadra a k pertenço.
    O telemóvel dele tocou e disse-me: é a minha mulher, tenho de me ir embora já. Boa tarde, minha senhora!

    Boa semana.

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  9. Andam por aí uns "trabalhadores liberais" a abordar as pessoas contando histórias, oferecendo relógios em conta, etc... Chegam ao ponto de induzirem a vítima a levantar dinheiro em caixas atm e, quando a acham bem apanhada, conduzem-na mesmo ao balcão depois de esgotado o plafond diário, para sacar mais pilim.
    Não bastavam parquímetros, arrumadores, "taxas, taxinhas e taxonas", corrupção, ladroagem legal e legalizada do Minho aos Açores, com especial destaque na capital, ainda vêm estes mariolas...

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  10. Não sabes Luís para que são as taxas? São para alimentar os tachos que existem por aí. O povo paga!
    Gostei desse deambular por dia de compras e emoções.
    O tipo estava a preparar a coisa e o irem embora foi o certo, ainda bem que o fizeram.
    Pagamos para tudo e nada temos. Nem saúde, nem segurança , nem nada.
    Mas temos que dar uma vassourada, a ver se algo muda. Não acredito muito, mas tentemos.
    Um baraço

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  11. Acabei mal, queria dizer: Um abraço, como deves ter compreendido.

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  12. Boa tarde, foi uma tarde e pêras, possivelmente era um assaltante que simpatizou consigo, certamente que o possível assaltante ficou a pensar, " onde é que eu errei?" certamente que o possível assaltante vai melhorar as sua técnicas.
    AG

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  13. Ainda bem que te safaste! Os malfeitores estão por todo lado e de plantão.

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  14. Obrigado pela dica sobre os vigaristas...

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  15. O ano passado o meu pai foi vítima de uma burla parecida. Roubaram-lhe o dinheiro que tinha levantado do multibanco.
    Felizmente não lhe fizeram nenhum mal físico.
    Todo o cuidado é pouco.

    beijinho

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  16. Caro Luis

    Cada vez mais me convenço que não tarda temos que andar de arma à mostra, tipo tempo do faroeste... E preparados para o que der e vier.

    Um abraço, Luís.

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  17. Pois é meu querido amigo, infelizmente para nós que estamos sempre expostos a esta bandidagem.
    em tempo já passados, tive um caso mais ou menos parecido mas eu cai por ser burra pois a mim tudo me faz ter pena.
    O meu marido estava nesse dia a ajudar-me na banca do peixe, onde chega um tipo a pedir 500$00 emprestados pois que era da terra do meu marido tudo mentira; o meu marido topou logo que era marosca e virou-lhe as costas, eu, com pena pego no dinheiro e dou-lhe...Dizia que vinha logo no dia seguinte pagar, foi até hoje, destas muitos de nós as temos, mas graças a DEUS que deu tempo de se salvarem. Beijinhos de luz e muita paz para vós.

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  18. Pois é o que penso, Luís: estava como que num encantamento a ouvir o seu dia e nunca pensei que ia terminar desta forma!
    É genial a vivacidade e o visualismo com que narra toda uma história seja simples, seja com mais enredo.
    E esse fim de compras...dá que pensar! Até ja esqueci os sacos....Rss!
    Abraço, querido amigo!

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  19. *Luís, que mundo é este que estamos a viver ?! Somos assaltados constantemente e de várias maneiras !!!

    É o político corrupto, são os impostos vários que devemos pagar, é o preço alto de algumas mercadorias nos

    supermercados e ... como se isso não fosse o suficiente, saindo do supermercado ou de bancos ... temos os

    ladrões da cidade !!! Deus me livre !!! O.O

    *Gostei muito desta tua frase na crônica :

    Nada se faz sem trabalho ...

    De fato, sem luta não atingimos os nossos objetivos ! Falo isto para os meus alunos e eles

    sorriem ! Eles acham que sou boba e que isso não é verdade.

    *Também gostei de quando você afirmou que , às vezes, entra no supermercado mudo , cego,

    sem olhar para os lados e cair na tentação de comprar algo fora do planejamento !!! Comprar algo

    do qual vocês não necessitam para o momento !!!

    *Olha, amigo Luís, o ano passado comecei a economizar e ... este ano, continuo !!!

    Decidi que quero POUCAS COISAS na minha vida e MUITA TRANQUILIDADE !!! Estou a evitar

    desperdícios e isto está me fazendo um bem imennnnnnnnnnsssssssoooooooooo !!! \o/

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  20. Ainda bem, a astucia elucida ao ser e vós soubestes ver o perigo iminente.
    Fico feliz por isso.
    Um grande abraço

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