sexta-feira, 25 de junho de 2010

Citroen AX

Imagem do google



A Lia concluiu a sua licenciatura no ano de 2008/2009.
Precisava de um carro, pois o velhinho opel corsa, estava tão roto, gasto e cansado que resolveu parar de vez.

Gripou. Não sei se o diagnóstico foi gripe H1N1, das aves, ou outra mais grave ainda. Deixou-o  prostrado, abatido e silencioso. 

Adormeceu à sombra das nogueiras, e foi preciso chamar o reboque para o levar de vez. Custava-me olhar para ele todos os dias e vê-lo assim triste, com as ervas a crescerem-lhe ao redor. 

Costumam dizer por aqui: - "perda que não se vê não se sente"
Outros dizem : - "longe da vista longe do coração"

A necessidade do carro era cada dia maior.
Um amigo nosso tinha um Citroen AX. Também era velhinho. O proprietário tinha muito cuidado com o carro, garagem e as revisões todas feitas a tempo. 

Quem está habituado a um Opel Corsa disel e muda para o Citroen - AX (disel) - não é fácil a mudança e a adaptação.

Andei por aqui com ele até lhe fazer todas as revisões e o deixar o mais operacional possível, para que a Lia se sentisse bem e em segurança.

Definitivamente, não conseguiu andar com ele.
Trocámos. Ela, levou o meu Opel Corsa Swing a gasolina, e eu fiquei com o velhinho.

Ontem à tarde, vinha de Leiria com a minha mulher, na estrada 109, e na localidade de Ponte da Pedra, precisamente por cima da Ribeira do Milagres, parámos na fila de transito.

De repente ouvimos um apertar de travões e a seguir um enorme estrondo.
Olhámos um para o outro no interior do veículo. Aparentemente estávamos bem de saúde, mas os vidros espalharam-se por toda a zona. 

Um silêncio roía-nos interiormente. A minha mulher não dizia palavra. Deixa lá são só latas ....disse-lhe eu para a acalmar.....
Vamos manter-nos atentos..........

Vesti o colete e fui ter com o proprietário do outro veículo.
- Então o senhor não vê o que anda a fazer...? não viu os carros parados...?
- Eu não vi nada....desculpe-me ....e agora vão tirar-me a carta que ainda não fez um ano...?

- Vamos lá atrás colocar o triângulo e procurar resolver tudo amigavelmente.
Nesta hora há bastante movimento e a fila de carros já era longa.
Lembrei-me dos meus filhos. Poderiam ser eles naquela situação.

Com o embate fui projectado para a frente, embatendo na traseira de um taxi - Mercedes.
Parou um pouco mais à frente, cerca de 20 metros. Saíu do carro, fez uma rápida inspecção e seguiu viagem.

Telefonámos ao meu filho que pouco demorou e entretanto fomos preenchendo a participação amigável do seguro.
Passaram duas brigadas de polícia e perguntaram se estava tudo bem. 

Ajudaram-nos a arrumar os carros mais para a direita, para que os outros pudessem circular e seguiram o seu destino.

Veio o reboque e levou o AX para a oficina.

O rapaz ficou a aguardar pelo reboque para o seu carro e nós seguimos, combinando encontrar-nos na oficina onde ele iria deixar o carro.

Fomos ambos ao agente de seguros que nos ajudou a preencher toda a documentação.
Haviam dados errados e campos incompletos, na participação amigável.

Depois de tudo feito ainda fomos levar o rapaz (nasceu a 28/Março/1990) a casa dos pais, numa localidade a cerca de três quilómetros  da nossa residência.

Aos poucos lá foi dizendo que teve muita dificuldade em tirar a carta - licensa de condução - Falhou nos exames de código e na prática de condução.

Disse-nos ainda que estava a concluir um estágio profissional de electricista e o que mais gostaria era encontrar emprego para fazer face às despesas. Terá que suportar sozinho as custas da reparação do seu veículo. Renault Clio.

Há treze anos aconteceu-nos uma situação igual dentro da localidade de Ortigosa. 
Nesse acidente houve perda total do meu veiculo.

A companhia de seguros do culpado era a Tranquilidade. A mesma de agora. Espero que sejam mais rápidos e que sejam mais justos dado que nesse acidente fui roubado descaradamente.

Hoje andei com um carro emprestado. Sentia-me com medo.
Aquele estrondo com o quebrar dos vidros é assustador. 
Nós estavamos no centro do perímetro de perigo, sem qualquer hipótese de fugir ou desviar alguma coisa, vidros, ferros, chapas ....

Nestes meses mais próximos, vou andar ansioso na estrada. Medo de algum distraído, imprudente. 

Os grandes lesados somos nós, pois tínhamos uma viatura para andar com todas as inspecções e revisões feitas e que agora estão transformadas num monte de sucata.

Depois em casa o meu filho, como nos viu tristes, foi relembrando algumas conversas com o outro"miudo" e conseguiu arrancar-nos de todo o filme onde fomos os protagonistas principais.

Diz o nosso povo com razão:
"Sabemos como e quando saímos de casa mas nunca prevemos se voltamos nem como voltamos"

Não foi ainda a nossa vez e por agora escapámos sãos e salvos.
Luíscoelho 



22 comentários:

  1. O mais importante é estarem todos bem.
    Mas não deixa de ser verdade que essas peripécias nos dão sempre motivos para pensar e perceber a efemeridade da vida.

    Um beijo

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  2. ...e o anjo da guarda, não conta?

    é certo que ele tbm levou um
    susto danado,
    mas fez o trabalho direitinho.

    bjbj

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  3. Parece que alguém lá em cima zela com carinho por vc e sua mulher. Que bom que estão ambos bem de saúde. Essa aflição por causa do acidente, logo passará, mas é muito desagradável mesmo ter que ficar sem carro e passar por toda a buracracia demorada e cacete da seguradora.
    Quero comentar outra coisa: é adorável seu jeito português de narrar as coisas, as palavras, os termos, as expressões. Fico imaginando o sotaque.
    Meu carinho a vcs e meus votos de que tudo se normalize o mais rápido possível.
    Como está o Kiko?
    Beijos.

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  4. Amigo Luís

    Compartilho da ideia da amiga Lídia Borges.
    Relembrei agora o meu AX, com pneus 135 (fininhos e de marca rasca). Certo dia, na recém-acabada rotunda de Riachos (Torres Novas) aconcheguei o travão de pé e o AX fez um pião e ficou virado para trás. Ontem passei por uma rotunda nova perto de Benavente e lá estava aquela maldita areia fininha espalhada na rotunda e levada pelo vento e pelos rodados das viaturas para a faixa de rodagem. O que é curioso nesta história é que por mim passaram dois motociclistas da Brigada de Trânsito. Pergunto: Não deveriam eles passar uma contra-ordenação às entidades responsáveis pela não remoção da areia? Irritei-me porque já fui multado por me faltar uma pala numa das rodas trazeiras. A isto chama-se zelo pela segurança ou caça à multa?
    Gostei do seu texto.
    Um grande abraço. Como dizia o grande actor: "Óh palhaço, carros há muitos!" O amigo, a esposa e o rapaz estão bem, graças a Deus!

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  5. Graças ao bom Deus que estão todos bem, mas, muda de seguradora. O nome da tua já diz tudo Tranquilidade.
    Tranquilidade é bom, mas só em certos casos...
    Beijinhos

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  6. Malu
    Agradeço o teu comentário assim como todos os outros.
    A minha companhia não é a Tranquilidade. Desde sempre trabalhei com outra, mas no fundo são todas iguais.
    Sempre prontas para receber e muito complicadas para liquidarem uns centavos aos sinistrados.

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  7. Vim deixar umas palavras.



    APENAS PALAVRAS



    As palavras ...
    Saltammm...
    Pulammm...
    Gritammm...
    Brincammm...


    Entrelaçam-se...
    E... fazem...
    A alegria ...
    De muita gente...
    Gente que nunca...
    Olhou palavras...
    Nunca as sentiu...
    E que nunca...
    As quis ver...


    Mas quando as olhou...
    Viu como brincavam
    Como dançavam...
    Como se entrelaçavam...
    E assim...
    Aprenderam a gostar...
    E a sentir...
    O verdadeiro valor...
    Das Palavras!...


    LILI LARANJO

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  8. Interessante relato. A forma como o faz.
    Acidentes é o que não me têm faltado nos últimos tempos. Ainda há pouco tempo o meu carro foi para a sucata e, na altura do acidente, estavam os meus 3 filhos dentro do carro. Naquele momento, quis lá saber do carro. Primeiro os meus tesouros, depois fazem-se as contas.
    Ao ler o seu texto pensava para comigo, que sorte teve o rapazinho que embateu contra vós... Sorte em ter encontrado pessoas compreensíveis e com sentido de cidadania.
    Para mim, este foi a chave de ouro do seu texto.
    Oxalá todos fossem assim e não desatassem aos "gritos" quando a pessoas já está em sofrimento pelo problema que causou...
    Não os conheço, mas bem hajam pelo "savoir faire"
    cumprimentos
    Célia

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  9. Luís boa noite! Aínda bem que sairam ilesos do acidente, é sempre triste perder ou estragar os nossos bens, mas tal como a observação que fez para descansar a sua esposa " são só latas", concordo. A vida é efémera, uma passagem, os carros são para nos servirem e não para andarmos a ser escravos deles. O que importa são vocês mesmos, tudo se resolverá concerteza pela melhor.


    Tenha um bom fim de semana.
    Bj

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  10. Olá bom dia:

    Grato pela sua visita a meu Blogue que aqui retribuo com a minha presença.

    Este post é mais um relato sério e de aviso para quem anda na estrada.

    Nunca se sabe onde anda o perigo e como é que ele surge, pois o inesperado é constante onde a cada dia mais constante é o trânsito assim como também pela parte de muitos que não seguem as leis dele que faz acontecer casos semelhantes a este.

    Companhias de Seguros regem-se todas pela mesma bitola, na angariação é tudo muito lindo mas depois, quando deles é exigido que cumpram o devido é só complicações e fugir aos deveres que lhes são devidos.

    Esta Tranquilidade então é um descalabro, pois também já tive um caso em que a razão estava toda do meu lado e na altura exacta tramaram a coisa em meu desabono e, foram precisos dois anos para que eu depois de recorrer a quem de direito me fosse dada a razão que estava do meu lado onde me foi devolvido quase a totalidade daquilo que tinha desembolsado na altura e a partir daí, cortei logo de imediato com ela indo para outra mas, como até à data não tive qualquer caso que fosse necessário necessitar dela, não me admira nada que com a outra possa acontecer o mesmo.

    Mal de nós quando necessitamos deles para resolverem nossos problemas, pois é tudo farinha do mesmo saco.

    Que tudo esteja em bem é o que lhe mais desejo.

    Abraço e bom fim de semana.

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  11. A história é triste mas tem um final feliz.
    O Senhor acompanhou-vos e fico feliz, por os ter por cá...com poemas e contos reais, colocados com uma prosa riquíssima, especialmente, em sentimentos.
    Bom fdsemana na Paz do SENHOR.
    Forte abraço
    Mer

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  12. O bom é que no final estão todos bem,,,abraços amigo e um belo sabado pra ti.

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  13. Também me aconteceu algo parecido mas muito mais ligt:
    também estava parada num semáforo, por acaso o meu tb é Citroen (mas não é AX)quando ouvi uma chiadeira e um embate já de raspão. Tive pena da miúda, que ía distraidíssima, e mandei-a seguir. Por acaso o dela é que ficou estragado, o meu só com uns risquitos quase imperceptíveis no pára-choques...
    Só acontece a quem anda na estrada. Temos sempre que contar connosco e com os outros...
    Pior é quando alguém se aleija ou há perdas de vidas!

    Fa

    http://escritariscada.blogspot.com

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  14. Citroen o carro da minha perdição, desde os mais velhinhos que andei neles em Luanda, até ao meu C5 de agora..
    Acidentes, graças a deus, nunca tive, ando na estrada desde os meus 31 anos...já vou nos 58. Acidentes acontecem, tadinhos de vós e do miúdo que não ganhou para o susto também...O anjo da guarda devia estar a ver o Portugal Brasil...só podia... e na altura ainda deu para evitar o pior...só pode ehhhhhh, de qualquer forma, a Mão de Deus está connosco..e que bom que assim foi...Um abraço apertadinho da laura desejando sempre uma estrada livre de todos os perigos.

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  15. É bem verdade:
    "Sabemos como e quando saímos de casa mas nunca prevemos se voltamos nem como voltamos"
    por isso é sempre uma felicidade quando entramos em casa sãos e salvos. Muitas vezes nem se pensa nisso mas quando acontece uma situação destas é um alivio.
    E gostei de ver a sua ternura para com esse jovem que deve ter apanhado um valente susto.
    Agora...desejo que apareça outra relíquia por aí, bem conservada.

    um abraço

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  16. O que está a dar...

    são o tipo smart.

    Tenho vários amigos que já não qerem outra coisa.

    E são baratos... e comem pouco...

    Um abraço

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  17. Pois, digo eu. não sou às do volante, nem sou do mais espertos.
    Batidelas, pequenas, grandes e médias, tenho um montão. de própria culpa e refiro-me ás conclusões das seguradoras, não tenho muitas.
    Já fiquei sem 2 viaturas, mas tenho casos dignos de peça teatral.
    Um abraço

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  18. Belíssimo texto! Como é bom ler uma descrição tão bem feita. Adoro a língua portuguesa! Você falou a respeito de Leiria, lembrei-me de que minha avó nasceu lá. Gostaria muito de conhecer o local.
    Um Grande Abraço, e espero que tudo dê certo ao seu carro. Está bem?

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  19. Amigo lamento muito o que aconteceu, mas o fundamental é que todos ficaram bem.
    Um acidente por simples que seja é sempre uma complicação, já para não falar da parte financeira e se temos carritos já antigos, como eu também tenho, quando acontece uma situação dessas, ficamos apeados, mesmo sem termos culpa nenhuma, pois os carros são dados como perda total e o dinheiro que recebemos das seguradoras não dá para nada.
    Tenha um bom Domingo
    bjs
    Maria

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  20. Ainda bem que ninguém se magoou, mas sempre fica aquele frio na barriga que nunca sabemos o que nos vai acontecer, até podemos ter muito cuidado, mas... há sempre os outros.

    Também já tive um AX a gasóleo vermelho, mas tudo acaba.
    beijinhos

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  21. Luis
    Voltarei para comentar este post.
    Se puderes voltar ao Zambeziana...tentei dar-te respostas
    ás tuas dúvidas...
    Abraço
    Graça

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  22. È verdade não sabemos mais se voltamos pra casa, já passei por isso também e não desejo pra ninguém uma coisa assim. Pelo menos você e sua esposa estão bem, o carro se arruma e fica novo.

    Abraços

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